A Reforma Protestante do século
XVI foi um fenômeno variado e complexo, que incluiu fatores políticos, sociais
e intelectuais. Todavia, o seu elemento principal foi religioso, ou seja, a
busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos.Nesse
esforço, a Reforma apoiou-se em três fundamentos ou pressupostos essenciais:
1.
A centralidade da Escritura
Os reformadores redescobriram a
Bíblia, que no final da Idade Média era um livro pouco acessível para a maioria
dos cristãos. Eles estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus,
tornando-a conhecida das pessoas. Eles afirmaram que a Escritura deve ser o padrão
básico da fé e da vida cristã (2ª Tm 3.16-17). Todas as convicções e práticas
da Igreja deviam ser reavaliadas à luz da revelação especial de Deus. Esse
princípio ficou consagrado na expressão latina “Sola Scriptura”, ou seja,
somente a Escritura é a norma suprema para aquilo que os fiéis e a Igreja devem
crer e praticar. Evidentemente, tal princípio teve conseqüências
revolucionárias.
2.
A justificação pela fé
Outro fundamento da Reforma,
decorrente do anterior, foi a redescoberta do ensino bíblico de que a salvação
é inteiramente uma dádiva da graça de Deus, sendo recebida por meio da fé, que
também é dom do alto (Ef 2.8-9). Tendo em vista a obra expiatória realizada por
Jesus Cristo na cruz, Deus justifica o pecador que crê, isto é, declara-o justo
e aceita-o como justo, possuidor não de uma justiça própria, mas da justiça de
Cristo. Essa verdade solene e fundamental foi afirmada pelos reformadores em
três expressões latinas: “Solo Christo”, “Sola gratia” e “Sola fides”.
Justificado pela graça mediante a fé, e não por obras, o pecador redimido é
chamado para uma vida de serviço a Deus e ao próximo.
3.
O sacerdócio de todos os crentes
A Igreja Medieval era dividida em
duas partes: de um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a
instituição eclesiástica; do outro lado estavam os fiéis, os leigos, os
cristãos comuns. Acreditava-se que a salvação destes dependia da ministração
daqueles. À luz das Escrituras, os reformadores eliminaram essa distinção.
Todos, ministros e fiéis, são o povo de Deus, são sacerdotes do Altíssimo (1
Pedro 2.9-10). Como tais, todos têm livre acesso à presença do Pai, tendo como
único mediador o Senhor Jesus Cristo. Além disso, cada cristão tem um
ministério a realizar, como sacerdote, servo e instrumento de Deus na Igreja e
na sociedade. Que esses princípios basilares, repletos de implicações revolucionárias,
continuem sendo cultivados e vividos pelos herdeiros da Reforma.
Autor: Rev. Alderi Souza de Matos
Fonte: http://sites.google.com/site/estudosbiblicossolascriptura/