Expiação Limitada, 1ª parte


Como já foi observado, a eleição em si não salva ninguém; apenas destaca alguns pecadores para a salvação. Os que foram escolhidos pelo Pai e dados ao Filho precisam ser redimidos para serem salvos. Para assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza humana para que pudesse identificar-Se com o Seu povo e agir como seu representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo, guardou perfeitamente a lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita a qual é imputada ao Seu povo ou creditada a ele no momento em que cada um é trazido à fé nEle. Através do que Ele fez, esse povo é constituído justo diante de Deus. Os que constituem esse povo são libertos da culpa e condenação como resultado do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício substitucionário Ele sofreu a penalidade dos seus pecados e assim removeu sua culpa para sempre. Por conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé, é-lhe creditada perfeita justiça pela qual fica livre da culpa e condenação do pecado. São salvos não pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente na base da obra redentora de Cristo. O Calvinismo histórico tem mantido de modo consistente a convicção de que a obra redentora de Cristo foi definida em desígnio e realização; isto é, foi intencionada para render completa satisfação em favor de certos pecadores específicos e que, de fato, assegurou a salvação a esses indivíduos e a ninguém mais. A salvação que Cristo adquiriu para o Seu povo inclui tudo que está envolvido no processo de trazê-lo a um correto relacionamento com Deus, incluindo os dons da fé e do arrependimento. Cristo não morreu simplesmente para tornar possível a Deus perdoar pecadores. Nem deixa Deus aos pecadores a decisão se a obra de Cristo será ou não efetiva. Pelo contrário, todos aqueles por quem Cristo morreu serão infalivelmente salvos. A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição.

Todos os calvinistas concordam que a obediência e o sofrimento de Cristo são de valor infinito, e que, se fosse o propósito de Deus, a satisfação rendida por Cristo teria salvado todos os membros da raça humana. Não seria requerido de Cristo mais obediência nem sofrimento maior para assegurar a salvação de todos os homens do que foi requerido para a salvação apenas dos eleitos. Mas Ele veio ao mundo para representar e salvar apenas aqueles que Lhe foram dados pelo Pai. Desta forma, a obra salvadora de Cristo foi limitada no sentido em que foi designada para salvar uns e não outros, mas não foi limitada em valor, pois seu valor é infinito. Ela teria assegurado a salvação de todos, se essa tivesse sido a intenção de Deus.

Os arminianos também estabelecem uma limitação na obra expiatória de Cristo, mas de natureza inteiramente diferente. Eles acreditam que a obra salvadora de Cristo foi designada para tornar possível a salvação de todos os homens, desde que eles creiam, e de que a morte de Cristo, em si mesma, não assegura ou garante a salvação para ninguém. Desde que todos os homens serão salvos como resultado da obra redentora de Cristo, deve-se admitir que há uma limitação. Essa limitação consiste num desses dois pontos: ou a expiação foi designada para assegurar a salvação para certos pecadores e não para outros, ou ela foi limitada no sentido em que não foi intencionada para assegurar a salvação de ninguém, mas apenas para tornar possível a Deus perdoar os pecadores na condição da fé. Em outras palavras, a limitação deve ser colocada, em desígnio, na sua extensão, (não foi intencionada para todos), ou na sua eficácia (ela não assegura a salvação para ninguém). Como Boettner adequadamente observa, "para o calvinista a expiação é como uma ponte estreita que atravessa todo o rio; para o arminiano, é como uma grande e larga ponte que vai apenas até a metade do caminho" (The Reformed Doctrine of Predestination, p. 153). Desta forma, são os arminianos que impõem uma limitação maior à obra de Cristo.

1. As Escrituras descrevem o fim intencionado e realizado pela obra de Cristo como a salvação completa do Seu povo. (reconciliação, justificação e santificação). 

a)  As Escrituras declaram que Cristo veio, não para capacitar os homens a se salvarem a si mesmos, mas para salvar pecadores:

“ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1.21).
“Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10).
“Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Coríntios 5.21).
“Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai”(Gálatas 1.3,4).
“Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal” (1ª Timóteo 1.15).
“que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras” (Tito 2.14).
“Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito” (1ª Pedro 3.18).






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Adpt. Pr. Samuel