“Nele, digo, no qual também fomos feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Efésios 1.11).
A doutrina da predestinação é a que mais me apaixona nas escrituras. Quem recebeu a mente de Cristo e compreende o desígnio de Deus não pode jamais discriminar nem “satanizar” esse ensino; ele é bíblico. Ainda que possa parecer injusto à primeira vista, contudo, essa doutrina é na verdade uma demonstração de amor e misericórdia.
Quando me falaram de predestinação confesso que tomei um impacto, e logo de início relutei, mas como a fera que se sente ameaçada, eu queria poupar a minha prepotência e me negar a crê em um Deus soberano. Como foi inútil lutar contra Deus, nunca podemos vencer. Quantos mais eu me esforçava para argumentar contra a verdade, mais ela ardia e queimava no meu coração. Senti-me com aqueles dois discípulos no caminho de Emaús. Para mim era como se o próprio mestre tivesse me aparecido e mansamente me exposto de seus próprios lábios a sua obra salvífica. Que dia foi aquele! Estava eu tão aflito, me questionando que não podia simplesmente de uma hora para outra abandonar tudo em que eu acreditava para dar crédito a essa “novidade”. Mas o Senhor que fez o meu coração, ele mesmo o inclinou para si. Então, passei a enxergar a grandeza do Deus a quem eu servia há tanto tempo sem conhecer. Olhei e me vi tão pequeno e insignificante, temi porque nunca me haviam o apresentado assim. Eu costumava ver Deus como alguém que tem poder para resolver os meus problemas, que estava ali para atender as minhas necessidades. Quão cego eu era! Minha experiência com ele foi real, superlativa e abundante. Era como se o Senhor me dissesse: Meu filho, eu te escolhi. Agora você compreenderá quem eu sou e o que fiz por você.
Sou um predestinado! Me orgulho em dizer isso. Não me salvei, não fiz nada para merecer a graça de Deus, mesmo assim sou alvo dela. Se eu tivesse “aceitado” a Jesus, então teria tido participação na minha redenção, tudo estaria condicionado a minha escolha. Mas eu não estava em condições de escolher nada, por isso o Senhor fez essa escolha por mim. Ele queria que eu pertencesse a ele, e não mais ao pecado. O Senhor me predestinou!
Fomos predestinados para salvação. “...nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo” (Efésios 1.5). Paulo nos está dizendo que hoje pertencemos inteiramente a Deus. O nosso destino sempre foi esse. Através da morte de Jesus, o processo de adoção foi concretizado. Estávamos alienados a Deus, não tínhamos nenhuma disposição em favor dele, diz a Bíblia que éramos inimigos (Colossensenses 1.21). Mesmo assim ele nos adotou em Cristo. Hoje você pode descansar sabendo que a sua vida tem um futuro certo e glorioso, você foi predestinado a pertencer unicamente a Deus! Como posso ter certeza que isso significa que estou predestinado à salvação? Pelas palavras de São Paulo aos Romanos, “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também GLORIFICOU” (Rm 8.30). Poderia você ser chamado por Deus, justificado e finalmente glorificado, e ainda sim não estar salvo? Todo predestinado é um dia chamado por Deus, é justificado em Cristo e glorificado nos Céus.
Deus busca e chama as suas ovelhas. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem” (João 10.27). Jesus se identificou muitas vezes como um pastor. Ora, qual pastor espera que a ovelha perdida volte para ele sozinha? Sabemos que elas não possuem senso de direção, por isso o pastor vai em busca das suas ovelhas perdidas. Nós estávamos assim, perdidos e impossibilitados de voltarmos ao nosso criador, Paulo diz que não há quem busque a Deus (Romanos 3.10), por essa razão ele veio nos buscar, ele mesmo se manifestou a nós, uma vez que nem ao menos perguntávamos por ele, “Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim” (Romanos 10.20).
O homem não tem livre arbítrio. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (João 15.16). Jamais poderíamos alegar que escolhemos servir a Deus, isso é arrogância! Não somos capazes nem de discernir entre e mão direita e a esquerda (Jonas 4.11), quanto mais entre aceitar ou não a salvação. Foi Deus, em seu eterno propósito, que nos levou a ele mesmo e nos atraiu. Assim, quando você ouviu a voz do Bom Pastor que chamava, você se rendeu espontaneamente Não há quem tendo ouvido o mestre dizer “segue-me” ficar na dúvida ou não obedecer. Ele não pede, ele não faz apelo, ele ordena; e se até os ventos e o mar o obedecem, conosco não é diferente.
A salvação é para um povo exclusivo. “Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1.21). Quão preciosa é essa verdade. Aquilo que muitos crentes do passado professavam e até foram mortos por isso está na Bíblia. A salvação é para o povo eleito e predestinado! Jan Huss queimou na fogueira por amar essa doutrina, os irmãos valdenses foram perseguidos e massacrados por acreditarem nela, Calvino teve que fugir para salvar sua vida por ensinar essa e outras doutrinas da reforma. Quantos santos do passado entraram no descanso e todos tinham em comum essa verdade! Não foi por toda humanidade que Jesus derramou o seu sangue, foi pela sua Igreja, a qual desde antes a fundação do mundo, está precisamente eleita e preparada para isso (Efésios 1.3).
Quem dera que você amado(a) irmão(ã) entendesse isso. Mas creio que assim como um dia o Senhor me iluminou, também fará contigo; se é que já não está falando e você, assim como eu fiz, tenta resistir ao chamado divino. Não perca tempo lutando contra a soberana graça de Deus, ela é grande de mais para a subjulgarmos. Creia! Você é um predestinado!
Pr. Samuel