Como já foi observado, a eleição em si
não salva ninguém; apenas destaca alguns pecadores para a salvação. Os que
foram escolhidos pelo Pai e dados ao Filho precisam ser redimidos para
serem salvos. Para assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou
sobre Si a natureza humana para que pudesse identificar-Se com o Seu povo e
agir como seu representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo,
guardou perfeitamente a lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita
a qual é imputada ao Seu povo ou creditada a ele no momento em que cada um é
trazido à fé nEle. Através do que Ele fez, esse povo é constituído justo diante
de Deus. Os que constituem esse povo são libertos da culpa e condenação como
resultado do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício
substitucionário Ele sofreu a penalidade dos seus pecados e assim removeu sua
culpa para sempre. Por conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé,
é-lhe creditada perfeita justiça pela qual fica livre da culpa e condenação do
pecado. São salvos não pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente na base
da obra redentora de Cristo. O Calvinismo histórico tem mantido de modo
consistente a convicção de que a obra redentora de Cristo foi definida em
desígnio e realização; isto é, foi intencionada para render completa
satisfação em favor de certos pecadores específicos e que, de fato, assegurou a
salvação a esses indivíduos e a ninguém mais. A salvação que Cristo adquiriu
para o Seu povo inclui tudo que está envolvido no processo de trazê-lo a um
correto relacionamento com Deus, incluindo os dons da fé e do arrependimento.
Cristo não morreu simplesmente para tornar possível a Deus perdoar pecadores.
Nem deixa Deus aos pecadores a decisão se a obra de Cristo será ou não efetiva.
Pelo contrário, todos aqueles por quem Cristo morreu serão infalivelmente
salvos. A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da
eleição.
Todos os calvinistas concordam que a
obediência e o sofrimento de Cristo são de valor infinito, e que, se fosse o
propósito de Deus, a satisfação rendida por Cristo teria salvado todos os
membros da raça humana. Não seria requerido de Cristo mais obediência nem
sofrimento maior para assegurar a salvação de todos os homens do que foi
requerido para a salvação apenas dos eleitos. Mas Ele veio ao mundo para
representar e salvar apenas aqueles que Lhe foram dados pelo Pai. Desta forma,
a obra salvadora de Cristo foi limitada no sentido em que foi designada para
salvar uns e não outros, mas não foi limitada em valor, pois seu valor é
infinito. Ela teria assegurado a salvação de todos, se essa tivesse sido a
intenção de Deus.
Os arminianos também estabelecem uma
limitação na obra expiatória de Cristo, mas de natureza inteiramente diferente.
Eles acreditam que a obra salvadora de Cristo foi designada para tornar
possível a salvação de todos os homens, desde que eles creiam, e de que a morte
de Cristo, em si mesma, não assegura ou garante a salvação para ninguém. Desde
que todos os homens serão salvos como resultado da obra redentora de Cristo,
deve-se admitir que há uma limitação. Essa limitação consiste num desses dois
pontos: ou a expiação foi designada para assegurar a salvação para certos
pecadores e não para outros, ou ela foi limitada no sentido em que não foi
intencionada para assegurar a salvação de ninguém, mas apenas para tornar
possível a Deus perdoar os pecadores na condição da fé. Em outras palavras, a
limitação deve ser colocada, em desígnio, na sua extensão, (não foi
intencionada para todos), ou na sua eficácia (ela não assegura a
salvação para ninguém). Como Boettner adequadamente observa, "para o
calvinista a expiação é como uma ponte estreita que atravessa todo o rio; para
o arminiano, é como uma grande e larga ponte que vai apenas até a metade do
caminho" (The Reformed Doctrine of Predestination, p. 153).
Desta forma, são os arminianos que impõem uma limitação maior à obra de Cristo.
1. As Escrituras descrevem o fim intencionado e realizado pela obra de
Cristo como a salvação completa do Seu povo. (reconciliação, justificação e
santificação).
a) As Escrituras declaram que Cristo veio, não para capacitar os homens a
se salvarem a si mesmos, mas para salvar pecadores:
“ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o
seu povo dos seus pecados” (Mateus 1.21).
“Porque o Filho do
homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10).
“Àquele que não
conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos
justiça de Deus” (2ª Coríntios 5.21).
“Graça a vós, e paz
da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo
por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade
de nosso Deus e Pai”(Gálatas 1.3,4).
“Fiel é esta palavra
e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os
pecadores, dos quais sou eu o principal” (1ª Timóteo 1.15).
“que se deu a si mesmo
por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo
seu, zeloso de boas obras” (Tito 2.14).
“Porque também Cristo
morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus;
sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito” (1ª Pedro 3.18).
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Adpt. Pr. Samuel