Crescimento numérico nunca foi necessariamente sinal da aprovação de Deus. Se assim fosse teríamos que
admitir que os Espíritas e Muçulmanos têm essa aprovação. Porém, isso vinha
iludindo um número cada vez maior de pessoas. Quem, sendo membro de uma igreja
tradicional, nunca teve que ouvir, num tom sarcástico, irônico e de
superioridade: "sua igreja não cresce", não é relevante para o
o reino de Deus! Essa fala era embalada pelo "sucesso" de igrejas
como a Renascer e Sara Nossa Terra, que serviu de modelo para muitas outras
denominações neopentecostais.
As estatísticas eram, de fato,
desoladoras para as igrejas tradicionais. O senso IBGE de 1991/2001
apontava um crescimento irrisório de denominações tradicionais, como das
Igrejas Presbiterianas (0,36%) e Luteranas, que além de não crescer perdeu
milhares de membros. Nem mesmo os 20% de crescimento dos Batistas, tradicional
denominação protestantes, podiam ser comparados aos mais de 1200% (mil e
duzentos pontos percentuais) de crescimento de igrejas como Renascer e Sara
Nossa Terra.
Muitos se gloriavam com esse
crescimento afirmando ser uma onda de "reavivamento" que o Brasil
estava passando. Muitos líderes enriqueceram com o dinheiro do povo. Alias,
esse é o propósito da existência de muitas dessas igrejas. Os que não
conseguiram enriquecer, por pura falta de talento teatral ou ainda algum
resquício de vergonha na cara, hoje vivem das migalhas de suas estagnadas
igrejas, que já não dão mais sinais de que se tornarão "mega
igrejas", como uma dia sonharam. Mas há uma luz no fim do túnel: muitas
igrejas outrora neopentecostais, estão, progressivamente, abandonando esse
desvio e se aproximando, cada vez mais, das antigas doutrinas da graça,
assumindo uma nova identidade que mais se parece com o modelo das igrejas
tradicionais.
Em 1993, então aluno do SPN,
lembro-me perfeitamente de uma aula de um renomado professor de História
do Cristianismo, Rev.Maeli Vilella, analisando o momento de euforia que as
igrejas neopentecostais estavam experimentando. Dizia ele: "Se a situação
econômica, financeira e educacional do país se estabilizar veremos um fenômeno
inverso: as denominações pentecostais e neopentecostais entrarão em crise, em
declínio, inclusive de crescimento, enquanto as igrejas tradicionais (Batistas,
Congregacionais, Presbiterianas) passarão a crescer e a recuperar os anos de
estagnação de crescimento".
Dez anos se passaram, o Brasil
entrou num importante processo de estabilização em todas essas áreas e o que
aconteceu com o crescimento das igrejas neopentecostais, especialmente
Renascer, Sara Nossa Terra e todas as outras que seguem esse modelo? O que
aconteceu com o crescimento das igrejas tradicionais?
Bem, recentemente o Senso IBGE
2001/2011 andou divulgando um importante decréscimo no ritmo de crescimento das
denominações neopentecostais e, em contrapartida, uma clara recuperação de
Igrejas Históricas ou tradicionais. É só pesquisar na blogosfera. Muito embora
essas estatísticas apresentem algumas falhas metodológicas, segundo alguns
blogueiros, servem para apontar uma tendência que irá, inquestionavelmente,
ficar mais clara com o passar do tempo, em permanecendo a atual conjuntura.
Essa análise paralela da relação
entre fatores econômicos/sociais/educacionais com as questões religiosas não é
nenhuma novidade. Max Weber já havia pensado nessa relação, em seu
famoso livro "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", já
abordado nesse blog.
Será que o Rev.Maeli, meu antigo
professor, estava profetizando naquela aula? Teria ele recebido uma nova
revelação de Deus? Evidentemente que não! Tratava-se apenas de uma análise
sociológica e histórica de alguém que conhecia bem o funcionamento das estruturas
religiosas ao longo dos séculos.
Na verdade, a equação é bem
simples: ninguém com o mínimo de formação, inteligência e conhecimento bíblico
engole as ladainhas enlouquecidas e ávidas por dinheiro dos neopentecostais. Ou
seja, mais incautos = mais neopentecostais. Mais pessoas esclarecidas =
menos neopentecostais. Simples assim! Talvez a saída para essas igrejas seja
migrar para países ainda menos favorecidos, como Angola e Moçambique. É
isso que o visionário Edir Macedo já está fazendo. Sigam-no os bons!
(bons?) como diria Chapolim Colorado ou assistam, passivamente, as
portas de seus templos serem fechadas. E não se preocupem: suas igrejas não
farão a menor falta ao Brasil!
A Revista Isto É, com uma visão
privilegiada do momento histórico, registrou a DERROCADA, A DECADÊNCIA E A
FALÊNCIA DOS NEOPENTECOSTAIS, na figura antes ilustre da Bispa Sônia
Hernandes. Reproduzimos abaixo um breve trecho da entrevista histórica:
ISTOÉ – Em 2002 a Igreja Renascer
tinha 1.100 templos no mundo. Hoje são menos de 300. O que aconteceu? Sônia
Hernandes – Houve uma readequação, algumas igrejas pequenas foram agrupadas
para formar igrejas maiores, ao mesmo tempo que houve um incentivo para a
abertura de grupos de desenvolvimento que acontecem nas casas, muitas vezes
alimentados pela tevê e pela rádio. ISTOÉ – Só em São Paulo existem
cerca de 40 ações de despejo contra a Renascer. Por que a igreja não consegue
cumprir com suas obrigações? Sônia – Todas as ações estão em
negociação e a igreja tem feito um grande esforço para resolver as questões
pendentes. Para acessar a entrevista completa, clique:
"Em 2002, a Renascer em
Cristo contava com 1.100 templos espalhados pelo Brasil e o mundo. Atualmente
são pouco mais de 300. O líder que poderia imprimir agilidade à administração,
o bispo Tid, primogênito de Estevam e Sônia que sempre teve saúde frágil, está
em coma profundo há quase dois anos num leito de hospital. Da equipe de
aproximadamente 100 bispos de primeiro time que a denominação tinha espalhada
pelo Brasil até 2008, metade saiu para outras igrejas levando consigo pastores,
diáconos e presbíteros. Para o lugar deles, ascenderam profissionais com menos
experiência, o que, especula-se, pode ser um dos motivos da debandada de fiéis
[..]. Hoje os Hernandes sangram a igreja para dar sobrevida ao padrão de
vida nababesco que têm”, acusa um dissidente. Se nos anos 1990 a opulência do
casal servia de chamariz para os adeptos da teologia da prosperidade, que celebra
a riqueza material como uma dádiva proporcional ao fervor com que o devoto
professa sua fé, hoje ela é uma ameaça à sobrevivência da instituição
[...]. Foi também em 2010 que a igreja perdeu seu garoto-propaganda e
principal dizimista, o jogador de futebol Kaká. Com a mulher, Caroline Celico,
eles formavam uma dupla que fortalecia e divulgava a Renascer no Brasil e no
mundo. O casal Hernandes não comenta a saída, muito menos o atleta do Real
Madrid. Apenas Caroline arrisca alguns comentários enviesados. “Confiei no que
me falavam. Parei de buscar as respostas de Deus para mim e comecei a andar de
acordo com a interpretação dos homens”, escreveu ela em seu blog. O mau uso do
dízimo pago pelo craque, que sabia do fechamento de templos e da fuga de
lideranças, teria motivado o rompimento com a igreja. Foi um baque financeiro e
tanto. Kaká é o sexto jogador mais bem pago do mundo e, estima-se, depositava
nas contas da Renascer 10% dos R$ 21 milhões anuais que recebia".
Se eu desejo o fim do
Neopentecostalismo? Claro que sim! Excetuando-se a qualidade musical, com
graves restrições a maioria de suas letras, o neopentecostalismo não trouxe
nenhuma contribuição ao verdadeiro evangelho. De onde procedem os escândalos?
As vergonhosas propinas recebidas? A ideia de que todo pastor é ladrão? A falsa
pregação? O engano? O evangelho água com açúcar? A famigerada teologia da
prosperidade? Dos Neopentecostais. Alguém pode negar isso? Esse deveria ser o
desejo de todo aquele que tem as Escrituras Sagradas como sua única regra de fé
e de prática. E acreditem: isso não é desejar mal ao próximo. É, antes, desejar
o bem ao evangelho de Cristo.
Filósofo Calvinista