“Não
esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencedor
o juízo.” (Mateus 12.20).
A fama gosta de falar excessiva e
irracionalmente de um ou de outro homem. Alguns existem de cuja glória ela sai
trombeteando adiante, e cuja honra ela exalta acima dos céus. Alguns são seus
favoritos, e os nomes deles são gravados em mármore, e ouvidos em todas as
terras e todos os climas. A fama não é um juiz imparcial; ela tem seus
favoritos. Alguns homens ela exalta, eleva e quase deifica; outros cujas
virtudes são de longe maiores, e cujos caracteres são mais merecedores de
comendas, ela passa sem dar ouvidos, e põe o dedo do silêncio sobre seus
lábios. Vocês geralmente vão achar que essas pessoas amadas pela fama sejam
homens de bronze ou ferro, e fundidos em molde grosseiro. A fama cuidou de
César, porque ele governou a terra com um cetro de ferro. A fama ama Lutero,
porque ele corajosamente e como homem desafiou o Papa de Roma, e com a testa
franzida ousou rir-se dos trovões do Vaticano. A fama admira Knox; porque ele
foi duro, e provou ser o mais bravo dos bravos. Geralmente, você vai
encontrá-la escolhendo entre homens de fogo e têmpera, que se levantaram diante
de seus semelhantes sem que deles tivessem medo; homens que eram feitos de
coragem; que eram sólidas massas de destemor, e nunca souberam o que a timidez
pudesse ser. Mas vocês sabem que existe uma outra classe de pessoas igualmente
virtuosas, e igualmente merecedoras de estima – talvez até mais – de quem a
fama se esquece inteiramente. Você não a houve falar de Melancthon, o homem da
mente gentil – ela pouco fala dele – ainda que ele tenha feito, talvez, na
Reforma, tanto quanto o poderoso Lutero. Você não ouve a fama falar muito do
doce e abençoado Rutherford, e das palavras celestiais que destilaram de seus
lábios; ou do Arcebispo Leighton, de quem se disse, que nunca perdeu o
autocontrole em toda a sua vida. Ela ama os ásperos picos de granito que
desafiam as nuvens de tempestade: ela não se importa com a pedra mais humilde
no vale, sobre a qual o viajor exausto descansa; ela quer alguma coisa ousada e
proeminente; alguma coisa que corteje a popularidade; alguma coisa que projete
sua grandeza diante do mundo. Ela não cuida daqueles que se retiram para a
sombra. E assim é meus irmãos, que o bendito Jesus, nosso adorável Mestre,
escapou da fama. Ninguém fala muito de Jesus, exceto seus seguidores.
Nós não encontramos o seu nome
entre os grandes e poderosos homens; ainda que na verdade ele seja o maior, o
mais poderoso, o mais santo, o mais puro e o melhor dos homens que já viveram;
mas porque ele era o “Gentil Jesus, paciente e dócil,” e foi enfaticamente o
homem cujo reino não é desse mundo; porque ele nada tinha de violento quanto a
si mesmo, mas era todo amor; porque suas palavras eram mais macias do que a
manteiga, suas afirmações mais gentis em seu fluir do que o óleo; porque nenhum
homem jamais falou tão gentilmente como esse homem; por isso ele é negligenciado
e relegado ao esquecimento. Ele não veio para ser um conquistador com sua
espada, nem um Maomé com sua eloqüência de fogo; mas ele veio para falar com
uma “voz calma e pequena,” que derreteu o coração de pedra; que enfaixou o de
espírito quebrantado, e que continuamente disse: “Vinde a mim todos vós que vos
achais cansados e oprimidos;” “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas.”
Jesus Cristo era todo gentileza; e essa é a razão pela qual ele não foi
exaltado entre os homens como de outra forma ele teria sido. Amados! Nosso
texto está cheio de gentilezas; ele dá a impressão de ter sido embebido em
amor; e eu espero ser capaz de mostrar-lhes alguma coisa da imensa simpatia e
da poderosa candura de Jesus, na medida em que eu tentar falar sobre isso.
Existem três coisas a serem destacadas: primeira, fraqueza mortal; segunda,
divina compaixão e em terceiro triunfo assegurado– “até que torne vencedor o
juízo.”
I.
Primeiro, temos diante de nós uma visão de FRAGILIDADE MORTAL
— a cana esmagada e o pavio
fumegante – duas metáforas muito sugestivas, e muito cheias de significado. Se
não for muito imaginativo – e se for, eu sei que vocês vão me desculpar – eu
diria que a cana esmagada é um emblema do pecador no primeiro estágio de seu
convencimento. A obra do Espírito Santo de Deus começa por quebrar a cana. Com
a finalidade de ser salvo, o terreno não semeado tem que ser arado; o coração
duro tem que ser quebrado; a rocha tem que ser dividida em fatias. Um velho
teólogo diz que não há como ir para o céu sem uma dura passagem pelos portões
do inferno – sem muito de turbulência da alma e prática do coração. Então eu
entendo que a cana quebrada seja o retrato do pobre pecador quando Deus começa
sua operação sobre a sua alma; ele é como uma cana esmagada, quase inteiramente
quebrada e consumida; nada há nele além de um pouco de forças. O pavio
fumegante, eu imagino que seja o Cristão desviado;alguém que tem sido uma chama
ardente e brilhante no seu dia, mas por negligência dos meios da graça, a
retirada do Espírito de Deus e sua queda no pecado, sua luz está quase apagada
– não de todo – ela nunca pode se apagar, porque Cristo disse, “Eu não a
apagarei;” mas se torna como uma lâmpada quando mal abastecida de óleo – quase
inútil. Ela não está bem apagada – está fumegando – já foi uma lâmpada de
utilidade, mas agora se tornou como um pavio fumegante. Portanto eu vejo essas
metáforas que descrevem o pecador contrito com muita semelhança com uma cana
esmagada, e o Cristão desviado como o pavio fumegante. Contudo, eu não vou
escolher fazer uma divisão como essa, mas juntarei as duas metáforas, e espero
que possamos obter alguns pensamentos a partir delas.
E primeiro, o encorajamento
oferecido em nosso texto se aplica aos fracos. O que no mundo é mais frágil que
uma cana esmagada, ou um pavio fumegante? Uma cana que cresceu em um atoleiro
ou brejo, mas deixe o pato selvagem pesar sobre ela e ela estrala; deixe que
apenas o pé do homem toque contra ela e estará amassada e quebrada; qualquer
vento que venha rodopiando pelo rio faz com que ela balance para lá e para cá,
e quase a arranca pelas raízes. Você não pode conceber alguma coisa mais frágil
ou quebradiça, ou cuja existência dependa mais de circunstâncias que uma vara
esmagada. Então olhe para um pavio fumegante – o que ele é? Ele tem dentro de
si uma fagulha, é verdade, mas está quase suprimido; o sopro de uma criança
poderia apagá-lo; ou as lágrimas de uma mocinha apagá-lo em um momento; nada
tem uma existência mais precária que a pequena faísca escondida no pavio
fumegante. Como você vê coisas fracas, são descritas aqui.
Bem, Cristo fala delas, “O pavio
fumegante não se apagará; a cana esmagada não quebrarei.” Deixe-me ir em busca
dos mais fracos. Ah! Não terei que ir longe. Existem muitos nessa casa de
oração nesta manhã que são sem dúvida fracos. Alguns dos filhos de Deus,
bendito seja o seu nome, são feitos fortes para fazer grandes obras para ele;
Deus tinha o seu Sansão aqui e ali que podia arrancar os portões de Gaza, e
carregá-los até o alto do monte; ele tem aqui e ali os seus poderosos Gideões,
que podem ir ao campo dos Midianitas, e derrotar as suas hostes; ele tem seus
homens poderosos, que podem entrar na caverna no inverno e matar o leão; mas a
maioria do seu povo é de uma raça tímida e fraca. Eles são como os passarinhos
que se assustam com qualquer um que passe; um pequeno rebanho cheio de medo. Se
a tentação vier, eles cairão diante dela, se a provação vem, eles são envolvidos
por ela; seu frágil barquinho é balançado para cima e para baixo por cada onda;
eles são arrastados para longe como um pássaro marinho nas pontas espumosas das
vagas; coisas fracas, sem forças, sem poder. Ah! Caros amigos, eu sei que
peguei a mão de alguns de vocês agora, e os seus corações também; porque vocês
estão dizendo: “Fraco! Ah! Isso eu sou. Muito seguidamente eu sou compelido a
dizer: eu devia cantar, mas não posso; eu devia orar, mas não posso; eu devia
crer, mas não posso.”
Vocês estão dizendo que não podem
fazer qualquer coisa; suas melhores determinações são fracas e vãs; e quando
vocês gritam “Renova as minhas forças,” vocês se sentem mais fracos que antes.
Você são fracos, são? Cana esmagada e pavio fumegante? Bendito seja seus, então
esse texto é para vocês. Eu fico alegre de que vocês possam ser incluídos na
denominação de fracos, porque aqui há uma promessa de que ele nunca os quebrará
nem os apagará, mas os sustentará e os manterá de pé. Eu sei que existe algumas
pessoas muito fortes aqui – eu quero dizer forte em suas próprias idéias. Eu
sempre me encontro com pessoas que não confessariam quaisquer fraquezas como
essas.
Eles têm mentes fortes. Eles
dizem, “O senhor pensa que nós caímos no pecado? O senhor nos diz que o nosso
coração é corrupto? Nós não acreditamos em qualquer dessas coisas; nós somos
bons, puros e direitos; nós temos força e poder.” Eu não estou pregando para
vocês nesta manhã; para vocês eu não estou falando nada; mas prestem atenção –
a sua firmeza é vaidade, seu poder é ilusão e a sua força é uma mentira –
porque apesar de que possam se gabar do que sejam capazes de fazer, eles
passarão; quando vocês chegarem ao real confronto com a morte, descobrirão que
não tem forças para lutar com ela: quando um desses dias de fortes tentações
chegarem, tomarão vocês, homens de moral, e vocês irão para baixo; e a gloriosa
liberdade da sua moralidade estará manchada, e ainda que vocês lavem as suas
mãos com água da neve, e se façam mais limpos que nunca, estarão tão poluídos
que as suas próprias roupas os abominarão. Eu acho que seja uma coisa abençoada
ser fraco. O fraco é uma coisa sagrada; o Espírito Santo o fez assim. Vocês
podem dizer, “Eu não tenho forças?” Então esse texto é para vocês.
Em segundo lugar, as coisas
mencionadas em nosso texto não são apenas fracas, mas coisas sem valor. Eu ouvi
falar de um homem que pegaria um alfinete quando estivesse andando pelas ruas,
por princípio de economia; mas eu nunca ouvi falar ainda de um homem que
parasse para pegar canas esmagadas. Elas não têm valor. Quem se importaria de
ter uma cana esmagada – um pedaço de junco caído no chão? Todos nós as
desprezamos como sem valor. E o pavio fumegante, que valor tem? Ele é uma coisa
ofensiva e nociva; mas o valor dele é nulo.
Ninguém daria uma lambida de dedo
tanto pela cana esmagada como pelo pavio fumegante. Bem, então amados, na nossa
estimativa deve haver muitos de nós que são coisas sem valor. Existem alguns
aqui que se pudessem se pesar pelas escalas do santuário, e por seus próprios
corações na balança da consciência, apareceriam como imprestáveis – sem valor,
nem uso. Houve tempo em que vocês se achavam as melhores pessoas do mundo –
quando se qualquer pessoa tivesse dito que vocês tinham tido mais do que
mereciam, vocês teriam dado um chute e diriam, “Eu acredito que sou tão bom
como as outras pessoas.”
Vocês pensavam de si mesmos
alguma coisa maravilhosa – extremamente merecedora do amor e do olhar de Deus;
mas agora vocês sentem como sendo sem valor. Às vezes vocês imaginam que
dificilmente Deus pode saber onde vocês se encontram, vocês são umas criaturas
tão desprezíveis – tão sem valor – que não merecem a consideração dele. Vocês
entendem como ele pode olhar para um ser microscópico em uma gota de água, ou
para um grão de poeira em um raio de sol, ou para o inseto de noite de verão.
Mas lhes é difícil dizer como ele pode pensar em vocês, que parecem tão sem
valor – uma lacuna no mundo, uma coisa sem utilidade. “Eu sou bom em que? Eu
não estou fazendo nada. Quanto a um ministro do evangelho, ele é de algum
serviço; quanto a um diácono da igreja, ele é de alguma utilidade; quanto a um
professor da Escola Dominical, ele está fazendo algo de bom; mas de que
serventia sou eu?” Mas você poderia fazer a mesma pergunta aqui. Qual é o uso
de uma cana esmagada? Pode um homem se encostar nela? Pode um homem fazer força
contra ela?
Poderá ela ser uma coluna na
minha casa? Você pode amarrá-la na flauta de Pan, e fazer música sair de uma
cana esmagada? Ah! Não; não tem utilidade. E que uso tem o pavio fumegante? O
viajor noturno não pode ser iluminado por ele; o estudante não pode ler com a
sua chama. Não tem em que ser usado; os homens o jogam no fogo e o consomem.
Ah! É assim que vocês falam de si
mesmos. Vocês para nada servem, assim são essas coisas. Mas Cristo não os
lançará fora por serem sem valor. Vocês não sabem o uso que podem ter, e não
podem dizer como Jesus Cristo os avalia depois de tudo. Lá está uma boa mulher,
uma mãe talvez, ela diz, “Bem, eu não saio sempre – eu cuido da casa e dos meus
filhos, e parece que não estou fazendo bem.” Mãe, não diga isso, sua posição é
alta, elevada e responsável; e treinando filhos para o Senhor, você está
fazendo pelo nome dele tanto quanto o distante e eloqüente Apolo, que tão
valentemente pregou a palavra. E você homem pobre, tudo que pode fazer é se
matar de trabalhar da manhã até a noite, e ganhar apenas o suficiente para
viver o dia a dia, você nada tem para dar, e quando vai a Escola Dominical,
pode apenas ler, não pode ensinar muito – bem, mas a quem pouco é dado, pouco
lhe é exigido.
Você sabe que existe uma coisa
tal como glorificar a Deus limpando os cruzamentos das ruas? Se a dois anjos
fosse ordenado descerem à terra, um para reger um império, e o outro para
limpar uma rua, eles não teriam escolha no assunto, desde que Deus lhes
houvesse ordenado. Portanto Deus em sua providência, o tem chamado para
trabalhar duro pelo seu pão de cada dia; faça isso para a glória dele.
“Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (l
Co 10.31 – N do Trd.).
Mas, ah! Vocês sabem que existem
alguns de vocês aqui que parecem inúteis para a Igreja. Vocês fazem tudo que
podem. Mas quando fazem vira em nada; vocês não podem nos ajudar com dinheiro,
nem talentos, nem tempo, e, portanto, acham que Deus deve lançá-los fora. Acham
que se fossem como Paulo ou Pedro poderiam ser salvos. Ah! Amados, não falem
assim; Jesus Cristo disse que ele não apagará o pavio inútil, nem quebrará a
cana esmagada sem valor; ele tem alguma coisa para os inúteis e os sem valor.
Mas vocês, marquem isso, eu não falo isso para desculpar a preguiça – para
desculpar aqueles que podem fazer, mas não fazem; isso é uma coisa muito
diferente. Existe um chicote para o asno, e um castigo para o preguiçoso, e às
vezes eles precisam passar por isso. Agora eu estou falando daqueles que não
podem fazer; não de Issacar, que é como um asno forte, se agachando debaixo de
duas cargas, e preguiçoso demais para se levantar com elas. Eu nada vou dizer
aos preguiçosos, que não vão arar por causa do frio, mas dos homens e mulheres
que realmente sentem que eles podem ser de pouca serventia – que não podem
fazer mais; e para esses as palavras do texto são aplicáveis.
Agora vamos fazer uma outra
observação. As duas coisas aqui mencionadas são coisas ofensivas. Uma cana
esmagada é ofensiva porque, eu acredito que existe aqui uma alusão às gaitas de
Pan, que todos vocês sabem são canas presas umas às outras, ao longo das quais
um homem move a boca, tirando assim algum tipo de música. Isso é o órgão, que
eu acredito que Jubal tenha inventado, e que Davi menciona, porque é certo que
o órgão que nós usamos não estava em uso naquela época. A cana esmagada iria. é
claro. estragar a melodia de todas as gaitas; um tubo sem som então deixaria o
ar sair, como para produzir um som destoante, ou até mesmo nem um som, de modos
que o impulso de alguém seria tirar o tubo fora e pôr um novo. E, quanto ao
pavio fumegante, a torcida de uma vela ou de qualquer coisa desse tipo, eu não
preciso lhes dizer que a sua fumaça é desagradável. Para mim nem um odor em
todo o mundo é tão desagradável como o da fumaça de pavio. Mas alguns dizem,
“Como você pode falar em um nível tão baixo?” Eu não fui mais baixo do que eu
mesmo pudesse ir, nem mais baixo do que vocês possam ir comigo; porque eu estou
certo de que vocês são, se Deus o Espírito Santo realmente os tem humilhado,
apenas tão ofensivos como às suas próprias almas, e apenas tão ofensivas a Deus
como uma cana esmagada seria entre os tubos, ou como um pavio fumegante aos
olhos e ao nariz. Freqüentemente eu penso no velho e querido John Bunyan,
quando ele disse que queria que Deus o fizesse um sapo, ou uma rã, ou uma
cobra, ou qualquer coisa que não fosse um homem, porque ele sentia ser tão
ofensivo.
Oh! Eu posso imaginar um ninho de
víboras, e eu acho que elas são repugnantes; eu posso imaginar um punhado de
todos os tipos de criaturas repulsivas gerando corrupção, mas não existe
qualquer coisa que mereça a metade da repugnância que merece o coração humano;
Deus poupa de todos os olhos a não ser dos dele mesmo essa visão horrível – um
coração humano; e pudéssemos vocês e eu vermos os nossos corações, seríamos
levados a loucura, tão horrível seria a visão. Vocês se sentem assim? Vocês
sentem que devem ser uma ofensa aos olhos de Deus – que vocês se rebelaram
tanto contra ele, se desviaram tanto dos seus Mandamentos, que certamente devem
ser repugnantes a ele? Se assim é, meu texto é de vocês.
Agora, eu posso imaginar algumas
mulheres aqui nessa manhã que tem se desviado do caminho da virtude; e,
enquanto ela está de pé lá em cima entre a multidão, ou sentada, ela se sente
como se não tivesse direito de andar por esses santos átrios e ficar entre o
povo de Deus. Ela pensa que Deus podia quase fazer a capela vir abaixo sobre
ela para destruí-la, tão grande pecadora ela é. Não se preocupe, cana esmagada
e pavio fumegante! Ainda que vocês sejam o desprezo do homem, e repulsivas a si
mesmos, Jesus ainda lhe diz:
“Nem eu
tampouco te condeno; vai e não peques mais (Jo 8. 11 – N. do Trd.), para que
não te suceda cousa pior (Jo 5. 14 – N. do Trd.).”
Existe algum homem aqui que tem
alguma coisa no seu coração de que eu nada sei – que pode ter cometido crimes
em segredo, que nós não mencionaremos em público; seus pecados se cravam nele
como sanguessugas, e roubam dele todo conforto! Não se desespere; porque Jesus
disse que ele não apagará o pavio fumegante, ele não quebrará a cana esmagada.
E ainda, meus caros amigos,
existe um pensamento antes que eu saia desse tópico. Ambos esses artigos,
apesar do quanto sem valor eles possam ser, podem ser ainda de alguma
serventia. Quando Deus põe a sua mão sobre um homem, se antes ele era sem valor
e inútil, ele pode torná-lo muito valioso. Você sabe que o preço de um artigo
não depende tanto do valor da matéria prima com que começar – canas esmagadas e
pavios fumegantes; mas pela Divina habilidade essas duas coisas se tornam de
maravilhoso valor. Vocês me dizem que a cana esmagada não presta para nada; eu
digo que Cristo irá pegar aquela cana quebrada e emendar, e colocá-la nas
flautas celestiais. Então quando a grande orquestra produzir a sua música,
quando os órgãos dos céus dobrarem seus sons em baixo tom, nós perguntaremos:
“Que era aquela doce nota ouvida lá, misturada com as demais?” E alguns dirão,
“Ela era uma cana esmagada.” Ah! A voz de Maria Madalena no céu, eu imagino,
soa mais doce e líquida que qualquer outra; e a voz daquele pobre ladrão que
disse, “Senhor, lembra-te de mim,” e se for uma voz de baixo profundo, é mais melodiosa
e mais doce do que a voz de qualquer outro, porque ele amou muito, porque ele o
havia perdoado muito. Essa cana pode ainda ser de utilidade. Não digam que
vocês não prestam para nada; vocês ainda vão cantar no céu. Não digam que vocês
não têm valor; afinal vocês ficarão de pé diante do trono entre a sociedade
lavada no sangue, e cantarão louvores a Deus. Ah! E o pavio fumegante também,
que de bom isso pode ter? Eu já vou lhes dizer.
Existe uma chama em algum lugar
naquele pavio; ela está quase apagada, mas uma chama ainda permanece.
Contemplem a pradaria em chamas! Vocês vêm as chamas virem rolando? Vocês vêm
rios após rios de quentes labaredas inundando a planície até todo o continente
estar queimado e chamuscado – até que os céus estejam avermelhados de
labaredas? A velha face negra da noite esteja amedrontada com o incêndio, e as
estrelas pareçam assustadas pela conflagração. Como foi incendiada essa massa?
Por um pedaço de um pavio fumegante derrubado por algum viajante, assoprado por
um vento brando, até que toda a pradaria ficou em chamas. Portanto um homem
pobre, um homem ignorante, um homem fraco e até um homem desviado, pode ser o
meio de conversão de toda a nação. Quem sabe se você que agora é nada, pode ser
de mais utilidade do que esses de nós que parecem estar melhor em pé diante de
Deus, porque nós temos mais dons e talentos? Deus pode fazer uma faísca
incendiar o mundo – ele pode acender toda uma nação com a faísca de uma pobre
alma em oração. Você ainda pode ser de utilidade; portanto tenha bom ânimo. O
musgo cresce nas lápides; a hera se agarra à estaca apodrecida; a erva de
passarinho cresce nos galhos mortos; e mesmo assim a graça, a piedade, a
virtude, a santidade, e a bondade vêm dos pavios fumegantes e das canas
esmagadas.
II. Assim,
pois, caros amigos, eu tentei descobrir as facções para quem esse texto é
dirigido, e eu tenho lhes mostrado alguma coisa do que seja fraqueza mortal;
Agora eu dou um passo acima – à DIVINA COMPAIXÃO.
“A cana esmagada ele não
quebrará, o pavio fumegante ele não apagará”. Note o que é afirmado primeiro
que tudo, e então deixe-me dizer-lhes que Jesus quer dizer bem mais do que ele
diz. Primeiro de tudo, o que ele diz? Ele diz claramente o suficiente que ele
não quebrará a cana esmagada. Há uma cana esmagada diante de mim – um pobre
filho de Deus sob um profundo senso do pecado. Parece como se o chicote da lei
nunca fosse parar. Ele continua, lash, lash, lash; e ainda que você diga,
“Senhor, pare. Me dê uma suspensão temporária do castigo,” ainda desce a cruel
tira de couro, lash, lash, lash. Você sente os seus pecados. Ah! Eu sei que
você está dizendo nesta manhã: “Se Deus continuar com isso por mais um pouco,
meu coração vai estourar: eu vou perecer em desesperança; estou quase
enlouquecido pelo meu pecado; se à noite eu me deito não posso dormir; parece
como se fantasmas estivessem no quarto – fantasmas dos meus pecados – e quando
eu acordo no meio da noite, eu vejo o negror da morte me olhando, e dizendo,
“Você é a minha presa, eu terei você; enquanto o inferno atrás parece queimar.”
Ah! Pobre cana esmagada, ele não te quebrará; a condenação será muito grande;
será grande o suficiente para te derreter, e para te fazer ir aos pés de Jesus;
nas não será grande o suficiente para quebrar o seu coração inteiramente, tanto
que você devesse ter morrido. Você nunca será levado à loucura; mas você será
libertado; sairá do fogo, pobre cana esmagada, e não será quebrada.
Então há um desviado aqui nesta
manhã; ele é como o pavio que fumega. Há anos passados você encontrava tanta
felicidade nos caminhos de Senhor, e tanto deleite em seu serviço, que você
dizia,
“Eu ficaria ali para sempre.
‘Que horas pacíficas então
desfrutei;
Quão doces memórias ficaram!
Mas elas deixaram um doloroso
vazio,
Que o mundo não pode ocupar’”
Vocês estão soltando fumaça e
pensam que Deus via lançá-los fora. Se eu fosse um arminiano eu lhes diria que
ele vai; mas sendo um crente na Bíblia, e nada além dela, eu lhes digo que ele
não os apagará. Ainda que estejam fumegando, não morrerão. Sejam quais tenham
sido seus crimes, o Senhor diz: “Voltai-vos desviados filhos dos homens, porque
eu terei misericórdia de vós.” Ele não os lançará fora, pobre Efraim; apenas
volte para ele, ele não te desprezará, ainda que você tenha mergulhado na lama
e no pó, ainda que você tenha se coberto da cabeça aos pés de depravação; volte
pobre pródigo, volte, volte! Teu Pai te chama. Preste atenção pobre desviado!
Venha de uma vez para aquele cujos braços estão prontos para te receber.
O texto diz que ele não vai
apagar – nem vai quebrar. Mas encoberto existe mais do que enxergamos à
primeira vista. Quando Jesus diz que ele não quebrará, ele quer dizer mais do
que isso; ele quer dizer, “Eu tomarei aquela pobre cama esmagada; plantá-la-ei firmemente
junto aos rios de águas, e (milagre dos milagres) e fá-la-ei crescer e se
tornar em uma árvore cuja folha não embranquecerá; eu a aguarei a todo momento;
eu a vigiarei; nela haverá frutos celestiais; manterei os pássaros predadores
longe dela; mas as aves do céu, os doces canoros do paraíso farão suas
habitações nos galhos.” Quando ele diz que não vai quebrar a cana esmagada, ele
quer dizer mais; ele quer dizer que vai nutrir, que ele vai ajudar e fortalecer
e apoiar e glorificar e que vai executar a sua autoridade sobre ela, e fazê-la
gloriosa para sempre.
E quando ele diz ao desviado que
não vai apagá-lo, ele diz mais que isso – ele diz que vai abaná-lo até se
tornar uma chama. Alguns de vocês, eu ouso dizer, foram da igreja para casa e
encontraram o seu fogo quase apagado; eu sei como é que você lida com isso;
você assopra de vagar a única centelha, se houver uma, e com receio de assoprar
com muita força você poria o dedo na frente; e se você estivesse sozinho e não
tivesse mais que um palito de fósforo, ou apenas uma centelha entre os
gravetos, quão suavemente você a assopraria. Portanto, desviados, Jesus Cristo
trata com você, ele não o lança fora; ele assopra com brandura; ele diz: “Eu
não te apagarei;” ele quer dizer: “Eu serei muito suave, muito cauteloso, muito
cuidadoso;” ele amontoará material seco, de modos que pouco a pouco uma pequena
centelha se tornará uma labareda, e brilhará em direção aos céus, e grande será
o fogo que dali sairá.
Agora eu quero dizer uma ou duas
coisas para os de Pequena Fé nesta manhã. Os pequenos filhos de Deus que aqui
são mencionados como sendo canas esmagadas, ou pavios fumegantes estão
exatamente tão seguros quanto os grandes Santos de Deus. Eu quero por um
momento expandir esse pensamento, então terminarei com o outro título. Esses
santos de Deus que são chamados de canas esmagadas e pavios fumegantes estão em
tanta segurança como aqueles que são poderosos pelo seu Mestre, e grandes em
força, por diversas razões.
Antes de tudo, o pequeno santo é
tão eleito de Deus quanto o grande santo. Quando Deus escolhe o seu povo, ele
os escolhe de imediato, todos juntos; e elege tanto a um como a outro. Se eu
escolho um certo número de coisas, uma pode ser menos do que as restantes, mas
é tão escolhida como as demais; e portanto Senhora Temor e Senhorita
Desencorajada são tão eleitas quanto o Grande Coração ou o Velho Pai Honesto.
Novamente: Os pequenos são redimidos em igualdade com os grandes! Os santos
fracos custaram a Cristo tanto sofrimento quanto os fortes; o menorzinho dos
filhos de Deus não poderia ter sido comprado com menos que o sangue precioso de
Jesus; e o maior dos filhos de Deus não lhe custou mais que isso. Paulo não
custou nada a mais que Benjamim – estou certo que não – porque eu leio na
Bíblia que “não há diferenças.” Além disso, quando na antiguidade vinham pagar
o preço da remissão, cada pessoa trazia um talento. O pobre não trará menos, e
o rico não trará mais que exatamente um talento. O mesmo preço era pago tanto
por um como pelo outro. Agora então filhinhos de Deus, tomem esse pensamento
para as suas almas. Vocês vêm algum homem muito proeminente na causa de Cristo
– e é muito bom que eles fossem – mas eles não custaram para Jesus um centavo a
mais do que você custou; ele pagou por você o mesmo preço que pagou por eles.
Repita novamente, você é tão
filho de Deus quanto o maior dos santos. Alguns de vocês têm cinco ou seis
filhos. Há um de seus filhos, talvez, que é muito alto e bem apessoado, e tem,
além disso, capacidade mental; e você tem um outro filho que é o menor da
família, e talvez tenha não mais que um pequeno intelecto e compreensão. Mas
qual é mais seu filho? “O mais!” você diz; “ambos são meus filhos do mesmo
modo, certamente um tanto quanto o outro.” E então, caros amigos, vocês podem
ter muito pouca escolaridade, ter muito pouca luz sobre as coisas divinas,
vocês podem não ver mais que “homens como árvores andando,” mas vocês são tão
filhos de Deus tanto quanto aqueles que cresceram à estatura de homens em Jesus
Cristo. Então lembrem-se, pobre santos tentados, que vocês são tão justificados
quanto qualquer outro filho de Deus. Eu sei que eu estou completamente
justificado.
Seu sangue e justificação São a
minha beleza, minhas vestes de glória Eu não quero outras vestimentas, salvo os
feitos de Jesus, e a sua justificação imputada. O mais ousado filho de Deus não
quer mais que isso; e eu que sou “menos que o último de todos os santos,” não
posso estar contente com menos, e eu não terei menos. Oh! Pronto para Parar,
você é tão justificado quanto Paulo, Pedro, João Batista ou o mais alto dos
santos no céu. Não há diferença nesse assunto. Oh! Tome coragem e se regozije.
Então mais uma coisa. Se você
estivesse perdido, a honra de Deus estaria tão sem brilho como se o maior de
todos estivesse perdido.Uma vez eu li uma coisa esquisita em um velho livro
sobre os filhos de Deus e as pessoas serem uma parte de Cristo e em união com
ele. O escritor diz: “Um pai senta-se em uma sala, e nela entra um estranho; o
estranho põe uma criança nos seus joelhos, e a criança tem um dedo machucado;
então ele diz: ‘Minha criança, você tem um dedo machucado;’ ‘Sim!’ ‘Bem,
deixe-me tirá-lo, e lhe darei um de ouro!’ A criança olha para ele e diz: ‘Eu
não vou mais para perto daquele homem, nunca mais, porque ele diz que vai
arrancar o meu dedo; eu quero o meu dedo mesmo, eu não quero um de ouro em
troca dele.’”
Então o santo disse: “Eu sou um
dos membros de Cristo, mas eu sou como um dedo machucado, e ele vai me tirar e
colocar um de ouro.” “Não,” disse Cristo, “não, não; eu não posso ter nenhum de
meus membros tirados; se o dedo está machucado, eu farei um curativo nele; eu o
fortalecerei.” Cristo não pode permitir uma palavra sobre cortar fora seus
membros. Se Cristo perdesse um do seu povo, ele não seria mais um Cristo completo.
Se o menor dos seus filhos pudesse ser lançado fora, iria faltar a Cristo uma
parte da sua plenitude; sim, Cristo estaria incompleto sem a sua Igreja. Se um
de seus filhos tiver que se perder, seria melhor que fosse um dos grandes do
que um pequeno. Se um pequeno se perdesse, Satã diria: “Ah! Você salva os
grandes porque eles têm força e podem ajudar-se a si mesmos; mas o pequeno que
não têm força, você não pôde salvar.” Você sabe o que, Satã diria; mas Deus
fecharia a boca de Satã ao proclamar: “Eles estão todos aqui, Satã, a despeito
da sua malícia, eles estão todos aqui; cada um está salvo; agora deite-se no
seu covil para sempre, e esteja eternamente preso em cadeias, e fumegue em
fogo!” Então ele irá sofrer o tormento eterno, mas nenhum filho de Deus jamais
sofrerá.
Um pensamento mais e eu terei
terminado esse tópico. A salvação de grandes santos geralmente depende da
salvação dos pequenos santos. Você compreende isso? Você sabe que a minha
salvação, ou a salvação de qualquer filho de Deus, olhando pelas segundas
causas, depende muito da conversão de alguém mais. Suponha que a sua mãe foi o
instrumento da sua conversão, você iria, humanamente falando, dizer que a sua
conversão dependeu da dela; porque o ser ela convertida, a fez o instrumento de
te trazer. Suponha um tal ministro ser o instrumento do seu chamado; então a
sua conversão, de algum modo, ainda que não absolutamente, dependeu dele.
Assim seguidamente acontece, que
a salvação dos mais poderosos servos de Deus depende da conversão dos pequenos.
Existe uma mãe pobre; ninguém nunca sabe nada sobre ela; ela vai à casa de
Deus, seu nome não está nos jornais, ou qualquer outro lugar; ela ensina seu
filho e o faz crescer no temor do Senhor; ela ora por aquele menino; ela luta
com Deus, e suas orações e lágrimas se misturam. O menino cresce. O que ele é?
Um missionário – um William Knibb – um Moffat – um Williams. Mas você nada ouve
sobre a mãe dele. Ah! Mas se a mãe não tivesse sido salva, onde estaria o
menino? Deixemos que isso alegre aos pequenos; e possam vocês se regozijarem
que ele vai te nutrir e acalentar, ainda que vocês sejam como a cana esmagada e
o pavio fumegante.
Agora, para finalizar, existe uma
CERTA VITÓRIA.
“Até que faça vencedor o juízo.”
Vitória! Existe alguma coisa bela nessa palavra. A morte de Sir John Moore, na
guerra Peninsular foi muito tocante; ele caiu nos braços do triunfo; e triste
como foi esta sorte, eu não duvido que seus olhos estivessem acesos com brilho
do grito de vitória. Assim também, eu suponho que Wolfe falou uma verdade
quando disse: “Eu morro feliz,” tendo imediatamente antes ouvido o grito de
“eles fogem, eles fogem.” Eu sei que vitória até naquele mau sentido – porque
eu não olho para as vitórias terrenas como sendo de qualquer valor – deve ter
alegrado o guerreiro. Mas oh! Como se alegrou o santo quando soube que a
vitória é dele! Eu vou lutar durante toda a minha vida, mas escreverei “vici” –
venci – sobre o meu escudo. Eu serei “mais do que vencedor por aquele que me
amou.” – Rm 8: 37 – N. do Trd. – Cada santo fraco terá o seu dia de vitória;
cada homem sobre suas muletas; cada coxo; cada um que estiver cheio de
enfermidade, tristeza, doença e fraqueza alcançará a vitória. “Eles virão com
cânticos a Sião; bem como o cego, o coxo, o manco e a mulher com criança
juntos.” Assim dizem as Escrituras. Nem um será deixado do lado de fora; mas
ele “fará vencedor o juízo.” Vitória! Vitória! Vitória! Essa é a sorte de todo
o Cristão; ele triunfará através do nome do seu Redentor.
Agora uma palavra sobre essa vitória.
Primeiro eu falo com os homens e mulheres de mais idade. Caros irmãos e irmãs,
vocês são muitas vezes, eu sei, como a cana esmagada. Os acontecimentos
vindouros lançam suas sombras diante de si; e a morte lança a sombra da idade
sobre vocês. Vocês sentem o peso de um grilo como se fosse uma carga; vocês se
sentem cheios de fraquezas e decadências; suas estruturas mal se mantêm coesas.
Ah! Aqui vocês têm uma promessa especial. “A cana esmagada não será quebrada.”
“Eu te fortalecerei.” “Quando o seu coração e a sua carne falharem, eu serei a
força do seu coração e a sua porção para sempre.”
Mesmo em avançada idade, todo meu
povo provará Meu soberano, eterno, imutável amor; E quando os cabelos grisalhos
suas têmporas adornarem, Como cordeiros serão ainda em meu peito carregados.
Cambaleando em sua bengala, encostando, fraco, débil e pálido; não tema a
última hora; porque a última hora será a melhor; seu último dia será um
consumir devotadamente a ser querido. Fraco como vocês são, Deus vai temperar o
julgamento das vossas fraquezas; ele fará suas dores menores, se as suas forças
forem menores; mas vocês irão cantar nos céus, Vitória! Vitória! Vitória!
Existem alguns de nós que poderiam desejar trocar de lugar com vocês, por
estarem tão perto do céu – tão perto do Lar. Com todas as suas enfermidades,
seus cabelos brancos são uma coroa de glória para vocês; porque estão perto do
fim bem como no caminho da justificação.
Uma palavra com vocês homens de
meia idade, batalhando nessa áspera tempestade da vida. Muitas vezes vocês são
canas esmagadas, sua religião é tão deixada para trás pelos seus chamamentos
mundanos, tão coberta pelo rumor diário dos seus negócios, negócios, negócios
que vocês parecem pavio fumegante; isso é tanto quanto vocês podem fazer para
servir o seu Deus, e vocês não podem dizer que são “fervorosos em espírito” bem
como “diligentes nos negócios.” Homens de negócios, se esfalfando e lutando
nesse mundo, ele não os apagará quando vocês forem como o pavio fumegante. Ele
não os quebrará quando forem como a cana esmagada, mas os livrará das suas
tribulações, vocês nadarão através do mar da vida, e ficarão de pé na feliz
costa do céu e cantarão, “Vitória” por aquele que vos amou.
Vocês moços e moças! Eu me dirijo
a vocês, e tenho o direito de fazer isso. Vocês e eu na maioria das vezes
sabemos o que a vara esmagada é, quando a mão de Deus arruína as nossas mais
belas esperanças. Somos cheios de frivolidade e voluntariosos, e é somente a
vara da aflição que pode nos tirar a insensatez, porque temos muito dela dentro
de nós. Pouco confiáveis são os caminhos dos jovens, e caminhos perigosos são
os caminhos dos moços, mas Deus não vai nos queimar ou destruir. Os homens, por
superproteção, ordenam a nós nunca darmos um passo para que não caiamos; mas
Deus nos ordena ir, e faz os nossos pés como pés das cabras para que possamos
subir nos lugares mais altos. Sirva a Deus nos dias da tua juventude; dê a ele
o teu coração, e então ele nunca o lançará fora, mas o sustentará, o
acalentará.
Não me deixem terminar sem dizer
uma palavra às criancinhas. Vocês que nunca ouviram de Jesus, ele lhes diz: “A
vara esmagada eu não quebrarei; o pavio fumegante eu não apagarei.” Eu acredito
que existem muitos pequenos que ainda falam como criança, com menos de seis
anos, que conhecem o Salvador. Eu nunca desprezo a piedade infantil; eu a amo.
Eu tenho ouvido crianças pequenas falarem de mistérios que homens encanecidos
não conhecem. Ah! Criancinhas que têm sido trazidas à Escola Dominical, e amam
o nome do Salvador, se outros disserem que vocês estão muito adiantadas, não
fiquem com medo, continuem amando a Cristo.
Gentil Jesus, dócil e meigo,
Ainda olhará para uma criança;
Compadeça de sua simplicidade,
E deixais que venham a ele.
Ele não os lançará fora; porque o
pavio fumegante ele não apagará, e a cana esmagada ele não quebrará.
Sermão
(nº. 6)
Pronunciado na manhã de 04 de fevereiro de 1855, Dia do Senhor, pelo
Rev. C. H. Spurgeon
na Capela de New Park Street, em Southwark (Inglaterra)