Por Rousas John Rushdoony
Ao longo dos anos, tenho sido freqüentemente questionado o que me fez ser um calvinista, e agora a equipe da Chalcedon pediu que eu escrevesse uma resposta a essa pergunta. Em parte, respondi essa pergunta no apêndice ao meu livro By What Standard? há muitos anos. Basicamente, a resposta é essa: eu sou um calvinista porque Deus me fez assim em sua misericórdia e poder predestinador.
Assim, num sentido, nasci um calvinista. E eu fui batizado como uma criança do pacto. Minha herança armênia reforçou esse fato. Desde os meus primeiros anos, minhas memórias eram da chegada de amigos e parentes vindos do velho país. Várias reuniões com eles seguiam-se, à medida que outros se encontravam com eles para perguntar sobre os seus amados. Alguns seriam informados que seus amados foram vistos flutuando mortos num rio, ou presos por forças turcas e curdas. Isso e mais me disse que este mundo é uma batalha entre duas forças. Fomos ordenados à vitória, nossa Fé nos assegura, mas existe um preço.
A Bíblia nesse contexto era um livro militar, as ordens do nosso Rei para nós, o seu povo. Tão logo pude ler, li a Bíblia continuamente. Não me ocorreu duvidar de algo que ela dissesse. Não entendia tudo o que lia, mas entendia o suficiente para saber que a palavra do Rei deve ser crida e obedecida.
Anos mais tarde, como um estudante graduado, foi questionado por outro se eu realmente tomava os Símbolos de Westminster literalmente, de forma que li os mesmos novamente. Isso me fez mais ciente do que é um crente Reformado, e mais clara em minha compreensão a linha de divisão.
No momento, sem dúvida, muito do que se passava por Fé Reformada ou Calvinismo era vago e cheio de concessões. Muito dele era simplesmente um fundamentalismo mais “dignificado”. Aqui é onde o dr. Cornelius Van Til foi tão importante. Ele esclareceu, restaurou e desenvolveu a Fé Reformada. Ele arrumou e modelou minha fé e direção. Não posso exagerar sua influência, nem a força que ele me deu em meu desenvolvimento e direção. Foi o Senhor quem fez de mim um Reformado, em sua graça e misericórdia soberana, em seu poder e graça predestinador. Na juventude, seu poder direcionador deixou claro pra mim que um crente é um agente, e assim ganhei uma vocação.
Ser um crente Reformado é muito fácil: Você vai com o fluxo da história, vai com Deus contra o homem. Ser um incrédulo é o que é difícil, dolorosamente difícil. Conheço incrédulos bem o suficiente para saber quão verdade isso é. A vida então não tem significado, e somos esvaziados de qualquer verdade ou propósito. Não existe nenhuma vitória na história, e a vida é destituída de propósito.
A Fé Reformada me diz que não existem fatos sem significado, nenhuma fatualidade bruta, para usar o termo de Van Til, na criação de Deus. Eu vivo num cosmos de significado universal e bendito. É verdade que ele é no presente um campo de batalha entre dois poderes diferentes, mas a vitória do nosso Senhor está assegurada.
Meu lugar nessa batalha e nessa vitória é tudo pela graça – um privilégio. Isso tem me trazido a minha porção de problemas, mas minha vida tem sido uma riqueza quando comparada a de muitos parentes e ancestrais que morreram pela Fé.
A Chalcedon[1] foi fundada para promover nossa vitória em Cristo. Surpreende-me que teólogos e pastores proeminentes vejam na verdade minha fé nessa plenitude da vitória como errada. Tenho pena da falta de fé deles, e oro para que mudem.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: www.monergismo.com