Escócia - 1560
Cap. VIII
O mesmo eterno Deus e Pai, que somente pela graça nos escolheu em seu Filho, Jesus Cristo, antes que fossem lançados os fundamentos do mundo, designouo para ser nosso chefe, nosso irmão, nosso pastor e o grande bispo de nossas almas. Mas, visto que a inimizade entre a justiça de Deus e os nossos pecados era tal que nenhuma carne por si mesma poderia ter chegado a Deus, foi preciso que o Filho de Deus descesse até nós e assumisse o corpo de nosso corpo, a carne de nossa carne e o osso de nossos ossos, para que se tornasse o perfeito Mediador entre Deus e o homem, dando a todos os que crêem em Deus o poder de se tornarem filhos de Deus, como ele mesmo diz: “Subo para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus”. Por meio desta santíssima fraternidade, tudo o que perdemos em Adão nos é de novo restituído, e por isso não tememos chamar a Deus nosso Pai, não tanto por nos ter ele criado - o que temos em comum com os próprios réprobos – como por nos ter dado o seu Filho unigênito para ser nosso irmão, e por nos ter concedido graça para reconhecê-lo e abraçá-lo como nosso único Mediador, como ficou dito acima.
Além disso, era preciso que o Messias e Redentor fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porque ele seria capaz de suportar o castigo devido a nossas transgressões e apresentar-se ante o juízo de seu Pai, como em nosso lugar, para sofrer por nossa transgressão e desobediência, e, pela morte, vencer o autor da morte. Mas, porque a Divindade, só, não podia sofrer a morte, nem a humanidade podia vencê-la, ele uniu as duas numa só pessoa, a fim de que a fraqueza de uma pudesse sofrer e sujeitar-se à morte que nós merecíamos - e o poder infinito e invencível da outra, isto é, da Divindade, pudesse triunfar e preparar-nos a vida, a liberdade e a vitória perpétua. Assim confessamos e cremos sem nenhuma dúvida.
Fonte: Livro das Confissões Presbiterianas - 2006, IPUSA