Somente Cristo! Esta é conclusão a qual chegaram os Reformadores. Eles foram guiados pelo Espírito Santo para enxergarem a grandeza da obra redentora de JESUS. Atentaram ao sublime mistério da Paixão como um definitivo acontecimento para a salvação, o perdão e a justificação para todos os crentes, em todas as gerações e em todas as épocas. Em um tempo onde Cristo dividia espaço com outros “possíveis mediadores”, a Reforma veio trazer luz sobre uma das verdades mais absolutas e mais enfáticas que poderíamos aceitar; uma verdade que estava sendo negada e negligenciada pelo catolicismo romano: Cristo é suficiente para a nossa salvação!
A doutrina do “Solus Christus” não só reconhece os méritos de Cristo, como também exclui qualquer outra pessoa de dividir essa glória com ele. Somente Cristo, isto é, ninguém além de Cristo. Ninguém além de Cristo era capaz de cumprir os propósitos de Deus quanto à salvação dos pecadores. Ninguém além de Cristo poderia ser a oferta para a remoção das ofensas. Ninguém além de Cristo poderia suportar todo o peso da responsabilidade de ser o justificador, o autor e consumador da nossa fé. Ninguém além de Cristo poderia fazer melhor a intercessão entre nós e Deus.
Talvez este seja um ponto onde a maioria dos protestantes sejam unânimes até hoje. Negar que somente Cristo é suficientemente poderoso para nos conferir salvação é negar a sua força e chamar de ineficaz o decreto de Deus. Era isso o que acontecia na idade média. Em 431 d.C. instituiu-se o culto a Maria, em 787 d.C. passou-se a venerar as imagens e em 933 d.C. começou-se a realizar canonizações. Na ótica corrompida da Sé católica, Maria era uma espécie de co-redentora, e que os santos poderiam também interceder por nós a Deus. Dessa forma o cristão não via a Cristo como o único caminho, mas como mais um, dentre tantos possíveis. É por esse motivo que onde a idolatria reina absoluta, Cristo não tem lugar na mente das pessoas. Vejam como exemplo o nordeste. Aqui é a região mais idólatra do país. Há lugares onde o padroeiro da cidade possui mais status que Deus. Vi ontem numa reportagem de uma TV local um agricultor louvando a São José pelas chuvas que caíram nesse mês. Por que isso? Porque há um ensino afirmando que José, esposa de Maria, detém o poder de enviar chuvas à terra. E onde fica Deus nessa história? Deus não tem mais autoridade de enviar sua provisão? Ou será que ele perdeu essa capacidade porque está muito velho e repassou para José a responsabilidade de regar a superfície do planeta? É claro que não! Quem ordena e envia as chuvas é Deus. Mas a mente frágil e suscetível das pessoas mais simples é manipulada pela engenhosidade e superstição do catolicismo para acreditarem nessas bobagens. Infelizmente as pessoas que estão presas a esses ensinamentos nem ao menos lembram de Jesus, não fazem ideia do significado da vinda dele ao mundo e de sua morte redentora, Em vez disso, Maria e os santos, têm total proeminência em suas vidas e são os alvos de suas orações.
Aprendemos nas Escrituras a reconhecer como digno de louvor somente a Deus, e JESUS como Deus corporificado. Vejam que no evento de seu nascimento, quando os magos do oriente vieram honrá-lo, eles o adoraram:
“E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra” (Mateus 2.11).
O texto não diz “e os adoraram”, mas “o adoraram”. Maria estava ali próxima, mas não recebeu adoração alguma, porque ela não é digna disso; era uma simples mulher e tão pecadora quanto qualquer outro ser humano. Maria também precisou da salvação que seu filho veio trazer, e ela mesmo reconheceu:
“Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador” (Lucas 1.46,47).
Os romanistas argumentam que por Maria ter sido concebida sem pecado, isso a coloca numa posição de honra acima de todos nós, ou seja, ela e Jesus teriam a mesma essência pura e isenta do pecado original de Adão. Mas aonde na Bíblia encontramos essa afirmação? Simplesmente não existe; pelo contrário, Paulo nos diz:
“Porque TODOS pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Roamanos 3.23).
O único que nasceu e viveu sem pecador, é Cristo Jesus:
“Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Coríntios 5.21).
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4.15).
“Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” (1ª Pedro 2.21,22).
Logo a doutrina da “Imaculada Conceição de Maria” não é bíblica, e se não é bíblica é porque procede dos homens e não de Deus. Também não nos é ensinado em parte alguma que os apóstolos ou aqueles que tiveram uma vida piedosa no passado, mereçam receber adoração e culto, ou que eles possam ouvir nossas orações e interceder a Deus por nós. Paulo e Barnabé recusaram ser adorados em Listra quando o povo, em sua ignorância espiritual, quis lhes oferecer sacrifícios os invocando como deuses (Atos 14.15). O anjo que veio trazer a revelação ao apóstolo João recusou a atitude dele de se prostrar:
“Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Revelação 19.10).
Hoje, no entanto, há pessoas que se curvam diante de esculturas de anjos, de homens e mulheres para adorá-los.
A Reforma veio para nos lembra de uma máxima das Escrituras:
“E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos” (Atos 4.12).
Foi Jesus derramou o seu sangue para nos resgatar e reconciliar com Deus, não foi Maria, não foram os apóstolos, não foram os outros santos, foi somente Cristo.
Na segunda Confissão Helvética Lemos:
“Só Deus deve ser invocado pela exclusiva mediação de Cristo. Em todas as crises e provações de nossa vida invocamos somente a ele e isso pela mediação de Jesus Cristo, nosso único mediador e intercessor. Eis o que nos é claramente ordenado: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sal 50,15). Temos uma promessa generosíssima do Senhor, que disse: “Se pedirdes alguma cousa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome” (João 16,23), e: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mat 11,28). Está escrito: “Como, porém, invocarão aquele em que não creram?” (Rom 10.14). Nós cremos em um só Deus, e só a ele invocamos, e o fazemos mediante Cristo[i]”.
E um logo adiante também diz:
“Por essa razão não adoramos, nem cultuamos nem invocamos os santos dos céus, nem outros deuses, nem os reconhecemos como nossos intercessores ou mediadores perante o Pai que está no céu. Deus e Cristo, o Mediador, nos são suficientes. Nem concedemos a outros a honra que é devida somente a Deus e ao seu Filho, porque ele claramente disse: “A minha glória, pois, não a darei a outrem” (Is 42.8)[ii].
Somente em Cristo achamos salvação e somente ele é o nosso mediador e intercessor. Render essa glória a qualquer outro ser humano, constitui-se em idolatria e pecado, pois ofende a santidade e a divindade de Deus.
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1ª Timóteo 1.5).
Pb. Samuel
[i] Segunda Confissão Helvética, Cap. X §24 – O Livro das Confissões da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América PC(USA) - Missão Presbiteriana no Brasil Central – 1966 - Revisado, atualizado e editado para o contexto da PC(USA) pelo Portuguese Language Ministry of The Outreach Foundation PC(USA), Louisville, Kentucky, por José Pezini e Alcenir Oliveira 2006.
[ii] Segunda Confissão Helvética, Cap. X §25.