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A IGREJA "HUMANOCÊNTRICA"
A nossa sociedade vive sob a forte influência do espírito iluminista. Tal influência não deveria ter penetrado na igreja, porém observamos que não apenas a influencia com também está se arraigando cada vez mais no coração da cristandade. Na época da Reforma os cultos eram reconhecidos pelo seu caráter cristocêntrico. Foi uma reviravolta radical dada pelos reformadores que, com isso, estavam condenando veementemente a missa romana. A pomposidade da cerimônia romanista foi deixada de lado, a não ser pelos anglicanos que ainda insistem em preservar alguma coisa dela, mas ainda assim o que prevalece no pensamento de boa parte do protestantismo é o rompimento com as práticas e costumes da Sé romana.
Sem dúvida alguma Calvino foi quem mais contribuiu para a simplicidade das reuniões dos cristãos. Muitos nem sabem, mas o formato e liturgia dos cultos de hoje são consequência do princípio regulador estabelecido por ele em Genebra e depois aperfeiçoado ao longo dos anos pelos seus herdeiros. No entanto, é triste constatar como isso tem sido abandonado em nossos dias. Quando algumas denominações deixam de priorizar a exposição das Escrituras como parte vital e central do culto para inserir outros elementos tais como, dança, teatro, depoimentos e coisas semelhantes, Cristo deixou de ser o centro das atenções. As pessoas precisam entender que o culto não é um momento de lazer ou um encontro social. Culto é um dever, é um momento solene onde estamos reverenciando a única e verdadeira divindade e fazemos isso com o coração alegre, mas conscientes de que não somos merecedores desse privilégio. Transformar o ambiente de culto em show, boate, espetáculo de humor ou algo do tipo, é zombar da graça de Deus e fazer pouco caso de sua misericórdia. É como se um bandido inocentado por um juiz que o absolveu, chegasse na casa deste e sentasse com os pés em cima do centro de mesa, fosse até a geladeira e pegasse o que quisesse e ainda sujasse a sala de comida. Imagine quanta falta de respeito e gratidão! É dessa forma que alguns tem se relacionado com Deus. Precisamos abandonar esta prática de criar coisas para satisfazer as pessoas e fazê-las se sentirem bem ao participarem de um culto. O culto não é para as pessoas, é para Deus; ele é o expectador e não nós. Temos que nos preocupar com isso.
Finalmente, creio que temos um longo caminho pela frente ainda. Os nossos esforços precisam ser redobrados, porque tem muito trabalho a ser feito. Não podemos sucumbir aos apelos da nossa sociedade moderna para sermos politicamente corretos e nem adaptar as ideias oriundas de movimentos suspeitos, como o pentecostalismo, para aumentar o número de membros. Precisamos sim é voltar para as nossas raízes, aqueles ideais que nos foram ensinados no princípio. Vamos nos lembrar de como tudo começou, a Reforma, os puritanos, os piedosos do passado. Aprendamos com eles a rejeitar tudo que fere a pureza e simplicidade do Evangelho de Jesus Cristo.
Pb. Samuel