Há sete anos atrás, quando criei o Nova Reforma, não imaginava que uma ideia aparentemente tão utópica pudesse ser levada adiante. Não fui o único a ter esse insigth, e digo até que a minha contribuição é minúscula no cenário cristão, mas tenho procurado fazer um pouco pelo progresso da pregação pura e genuína do evangelho. Como Deus irá usar o meu trabalho eu não sei, o que importa é que está tudo à disposição dele.
Foi algo mais forte do que eu. Tudo começou quando vi na TV um pequeno devocional ministrado pelo reverendo Hernandes Dias Lopes em uma manhã de domingo. Naquele momento meu coração ficou profundamente impactado por uma frase que ele repetiu diversas vezes: "Precisamos de uma nova reforma". Eu já possuia alguma conhecimento sobre os reformadores, indulgências e tal, mas a partir dali comecei a estudar com mais afinco sobre a história da igreja, doutrinas da graça e os reformadores, principalmente Calvino e Lutero. Facilmente cheguei a conclusão de que estamos precisando voltar retomar aquelas verdades outra vez. Ouvir o Rev. Hernandes reverberar meu pensamento só me encheu de entusiasmo. Logo eu, vindo do sistema corrupto e herege do neopentecostalismo, uma vez liberto de tudo aquilo e cada vez mais sedento pelo conhecimento pleno do Evangelho, fui tomado por um desejo ardente de combater tudo que fosse contrário à pureza das Escrituras. Na época eu ainda nem era presbiteriano, mas já admirava a denominação por ser a principal expoente e guardiã da Fé Reformada no Brasil, então comecei a nutrir a ideia de também fazer parte dela. Mas por questões puramente familiares isso não aconteceu de imediato. Creio, como calvinista que sou, que foi o desígnio de Deus. Passei por muitas coisas até finalmente unir-me a IPB. Elas contribuíram para me aperfeiçoar, as coisas não acontecem por acaso e ainda estou nesse processo contínuo.
A internet foi a forma que escolhi para lançar minha minúscula contribuição ao movimento de proclama a necessidade de uma nova reforma na Igreja. Assim como Lutero usou a prensa de Guttemberg, eu e muitos outros nos valemos da rede mundial de computadores. A princípio os blogs nos serviam de "portas de Wintemberg"; pois através deles os textos, argumentações, denúncias, críticas e debates passaram a fazer parte da nossa rotina. Horas de estudo e discussões que entravam pelas madrugadas no MSN, Paltalk e Orkut. Surgiam assim os teólogos virtuais, mas é evidente que há pontos negativos nisso. Alguns eram muito superficiais, meros tumultuadores; outros, no entanto realmente firmaram um compromisso de usar tal ferramenta como um instrumento de exposição do Evangelho. O sensacional é que a maioria (eu entre eles) era compostas por jovens e adolescentes que preferiam gastar horas discutindo e estudando teologia do que namorar ou jogar Counter Strike. Os agregadores de blogs reuniam vários de nós, e nos chats os debates se estendiam podiam se estender por dias. A União de Blogueiros Evangélicos foi muito importante para mim. Até hoje mantenho contato com pessoas que conheci lá. Formaram-se vínculos que extrapolaram o simples ler e comentar de um post.
Em 2004 surge o Facebook. A rede social do Zuckerberg só potencializou o afã de propagar pela internet a palavra de Deus. Termos como fé Reformada, eleição, pecado original, livre arbítrio e reforma, tornaram-se comuns tamanha a quantidade de pessoas falando e comentando sobre esses assuntos. Na era dos geradores de conteúdo agora qualquer pessoa pode denunciar e revelar os erros dos pretensos pregadores e as aberrações do meio "gospel".
Os blogs, o Facebook, Youtube e todas essas inovações que continuam surgindo, evidentemente como sinais do desenvolvimento tecnológico e comercial da nossa sociedade, são também evidência da vontade de Deus de que sua palavra seja pregada e anunciada a um número cada vez maior de pessoas. Não é a primeira vez que isso acontece. Nos dias da Igreja primitiva a língua grega era o meio de comunicação mais eficiente do mundo antigo. Todo o Novo Testamento foi escrito nesse idioma. Roma tinha se tornado o centro das atenções do mundo e Deus enviou um homem que dominava todas as habilidades de comunicação da época para lá, fazendo com que a partir dali a Boa Nova ecoasse à todas as nações. Já no século XVI, uma máquina que capaz de imprimir textos com maior precisão e rapidez era a grande novidade. Em questão de dias a Alemanha e depois toda a Europa passaram a ter a Bíblia em sua própria língua. Isso foi suficiente para abalar as estruturas do mundo medieval e desestabilizar o monopólio que a Sé Romana detinha. Hoje, em nossa sociedade moderna, uma rede intercontinental conecta pessoas de várias partes do mundo e permite que elas possam conversar, ler e discutir sobre o que quiserem. Nada disso é por acaso. A providência de Deus na história mostra que é ele quem está conduzindo todas as coisas, seja preservando sua palavra escrita, seja criando maneiras de torná-la conhecida.
Nestes 500 anos de reforma a minha oração é para que Deus nos abençoe e nos faça ainda mais operantes nessa missão árdua de voltar às origens do puro e simples cristianismo. Que outros sejam também motivados a continuar proclamando as verdades do reino de Deus usando todos os meios que ele graciosamente colocar em nossas mãos. O que você tem feito em relação a isso? Tem utilizado os recursos tecnológicos que dispõe a serviço do Reino? Ou tem sido omisso desperdiçando seu tempo com futilidades enquanto outros ocupam a frente de batalha? A Reforma continua...
Soli Deo Gloria!
Eclesia reformata et semper reformanda est!
Pb. Samuel