Após um bom tempo (diga-se de passagem bem extenso), volto a publicar em meu velho blog de guerra e começo com uma coleção de pequenos comentários sobre meus versículos prediletos de vários livros da Bíblia.
Nesses comentários procuro de forma bem resumida apresentar o meu entendimento das referidas passagens e de que forma elas impactaram a minha vida, além das suas implicações para a Igreja hoje.
Para começar, vou ao principio de tudo. O livro de Gênesis.
Acredito que todos devem conhecer de cor e salteado a narrativa da criação do mundo e da queda do homem. Já ouvi essa história quando criança na escolinha da Igreja e li diversas vezes ao longo da vida. Vemos em filmes, pinturas e até no colégio (isso já faz algum tempo) lembro que também presenciei minhas professoras contando como Deus criou o homem a sua imagem e semelhança.
Mas existe um versículo que chama a minha atenção.
"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore que te ordenei: Não comerás dela, maldita é a terra por tua causa; com dor comerás dela todos os dias". (Gn 3.17).
Deus disse isso para o nosso pai Adão após o um jogo de empurra-empurra do primeiro casal. A situação era: A mulher, enganada pela serpente, toma do fruto proibido e oferece-o ao seu marido. Ambos, ao entenderem que estavam nus, esconderam-se de Deus que passeava pelo Jardim do Éden. O SENHOR, então, já sabendo de tudo, vai ao encontro dos desobedientes e ouve as desculpas esfarrapadas deles.
O homem quando questionado joga a culpa em Deus e na mulher (a mulher que me deste...). A mulher, por sua vez, culpa a serpente. O interessante é que a serpente não tinha a quem culpar e ficou na dela.... Em todo caso, Deus profere sentenças para cada um dos envolvidos: A serpente rastejaria sobre seu ventre (o que dá a entender que antes ela tinha pernas), a mulher teria suas dores de parto multiplicadas e finalmente chega a vez do marmanjo, o homem da casa.
O que me chama mais a atenção nesse texto, para ser um dos meus prediletos, é a ênfase que Deus dá ao homem. Quem primeiro pegou do fruto e comeu foi a mulher, mas quem recebeu a principal sentença foi o Adão. Parece que Deus agiu com um pouco de injustiça, mas na verdade ele foi absolutamente justo se compreendermos o papel que o homem exerce dentro do casamento.
Por diversas vezes eu tinha lido e ouvido esta história sem nunca ter atentado a esse detalhe. O homem recebeu a maior sentença por uma razão muito lógica: Ele era o líder, o administrador, o responsável por toda a criação. É por isso que a Igreja insiste em ensinar que os homem devem reafirmar sua liderança sobre a família, porque vemos claramente que isso foi algo instituído pelo próprio Deus. Não há uma relação de superioridade do homem com a mulher, tal pensamento é resultado da má compreensão do propósito divino. Anteriormente foi dito que a mulher seria uma ajudadora (2.18) e não uma serva ou escrava. A ajudadora não está em posição inferior ao ajudado, pois se ela fosse de menor importância não teria sido criada. Mas se aprouve a Deus criar uma ajudadora para o homem, foi porque ele sabiamente entendeu que este não seria capaz de fazer tudo sozinho, daí a necessidade de alguém que o ajude.
Adão era o representante de toda a criação (e isto inclui a mulher). Ele tinha a tarefa de manter tudo em ordem e zelar pela continuidade da harmonia na qual todas as coisas existiam, e ele vinha fazendo isso através da obediência a ordem dada por Deus. Não sabemos como teria sido o desfecho da história caso nosso pai tivesse se negado a comer do fruto oferecido por sua esposa. A questão é que esta deveria ter sido a sua atitude, porém ele fez o contrário. Ele falhou em sua missão. O seu fracasso trouxe consequências a todos que ele representava.
Repare que tanto a serpente, quanto a mulher receberam castigos que diz respeito somente a elas mesmas. Porém, o homem além de receber o castigo da dor ou fadiga para obter o seu alimento cotidiano, também se o torna o responsável por trazer uma maldição sobre toda a terra. A desobediência dele fez com que todos pagassem, porque ele os representava e os liderava, mas falhou em exercer sua liderança.
A isso nós chamamos de Pecado Original. O primeiro pecado cometido na história da humanidade. O primeiro homem a ter sido criado desobedeceu a Deus, e por ser ele o representante de todos os outros, seus descendentes já nascem trazendo em si o estigma (marca) do pecado do pai, além da tendência a cometerem os seus próprios pecados pessoais e se tornaram passíveis de uma dupla condenação: Pelo pecado original que herdaram e pelos próprio pecados cometidos espontaneamente.
As implicações são muitas, dentre elas destaco:
1. O HOMEM É O LÍDER: Deus concedeu esse papel claramente quando instituiu a família.
2. O LÍDER PRECISA DE UMA AJUDADORA: Naturalmente o líder não é capaz de fazer tudo sozinho;
3. O LÍDER É O RESPONSÁVEL: Na relação que existe entre o líder e sua ajudadora, qualquer problema que venha acontecer, em última análise, é culpa do mal encaminhamento ou má administração que ele desempenhou. Pois uma vez que o líder falha em sua missão, todos os que estão sob sua orientação estão sujeito a colocar tudo a perder.
A nossa sociedade atual não recebe essas ideias como sendo válidas. A psicologia e os estudiosos do comportamento humano afirmam que a Bíblia possui valores ultrapassados e que são resultados de uma cultura machista e autoritária do oriente médio. Contudo vemos o quanto o abandono desses valores ultrapassados tem custado caro para a humanidade e para a família. As consequências estão aí para quem quiser ver.
Pb. Samuel