Evangélico ou Reformado?


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Em nosso país o termo evangélico é utilizado para se referir aos cristãos que não seguem o catolicismo romano. Mas não se aplica a todos os ramos do protestantismo, pois alguns grupos, como Mórmons e Testemunhas de Jeová, se consideram como movimentos à parte. 

Habitualmente são chamadas de evangélicas as pessoas que frequentam denominações mais populares tais como as Assembleias de Deus, as igrejas históricas e neo pentecostais. Com o aparecimento da internet, aumentou de maneira significativa o tráfego de informação e a divulgação de ideias. Consequentemente o termo reformado passou a ser bem mais conhecido, apesar de não ser algo novo. Surge então o questionamento: ser evangélico é o mesmo que ser reformado e vice versa? Particularmente eu acredito que não.

O termo evangélico, em sua essência, significa “alguém que professa fé no evangelho”. Entretanto, culturalmente passou a ser aplicado a nós protestantes, talvez até de forma pejorativa. É como se dissesse “aqueles que acham que sabem o que é o evangelho”. Infelizmente essa crítica parece estar certa, pelo menos é o que temos visto ao longo dos anos.

O termo reformado começou a ser usado a partir do século XVI para se referir especificamente aos protestantes que foram influenciados pela pregação e ensinos de João Calvino, célebre reformador francês. Daí em diante o termo calvinista e reformado tornaram-se praticamente sinônimos. Enquanto que protestante pode ser qualquer cristão que não esteja subordinado à Roma, reformado é aquele que adota os princípios e valores legados pela Reforma efetuada por Calvino e seus cooperadores em Genebra e em outros países da Europa e América.

Infelizmente o termo evangélico está comprometido. Ele já não representa o seu sentido original. Os muitos escândalos, abusos e heresias praticados por líderes e denominações nas últimas décadas se encarregaram de maculá-lo. A sociedade em geral olha para o evangelicalismo de forma desconfiada e com toda a razão. São muitos os absurdos que temos visto em nome do evangelho e isso contribuiu para a péssima imagem que os evangélicos têm diante do mundo.

Entre “evangélico” e “reformado”, prefiro o segundo, pois existe um peso histórico muito importante por trás dessa expressão. Ser reformado é crer nos Cinco Solas da Reforma (o que deveria ser comum a todos os protestantes), é crer nos Cinco Pontos do Calvinismo, nas Confissões e Catecismos também chamados Símbolos de Fé, mas acima de tudo isso é acreditar na soberania do Eterno sobre a existência de tudo e de todos. 

É mais do que acreditar na predestinação e eleição. Ser reformado é viver para a glória de Deus e refletir isso em todas as áreas da vida. O cristão reformado vive em adoração contínua e tem plena consciência disso. Ele saí para trabalhar todos os dias vendo o seu emprego como uma forma de culto, assim como enxerga seus relacionamentos, lazer e entretenimento como maneiras de adorar ao Senhor. Essa cosmovisão faz toda a diferença. Lamentavelmente não vemos isso nas denominações pentecostais e neo pentecostais, onde o que prevalece é o culto humanista, focado nas bênçãos e não no abençoador. Oro para que esse cenário triste mude e graças a Deus está mudando. 

Presbítero Samuel