Uma Vez Salvo, Salvo para Sempre - I



Esta afirmação é geralmente muito mal vista pela maioria das pessoas. Dizem alguns: Ah, se eu já estou salvo mesmo então vou beber, me prostituir, me drogar, vou cair na “gandaia”, afinal já estou salvo mesmo. Com este pensamento condenam veementemente várias doutrinas Reformadas como a predestinação e a perseverança dos santos.
Mas será que realmente este argumento está correto? Será que não existe evidências de que a frase “uma vez salvo, salvo para sempre” tem respaldo bíblico?
Confesso que seria necessário muito mais palavras para discorrer sobre este assunto, que, aliás, vem causando polêmica entre calvinistas e arminianos a quase 500 anos.
Basta analisarmos este pensamento que muitos usam para desacreditar a doutrina da predestinação e da perseverança dos santos.
“Ora, se já estou salvo, então posso me entregar aos prazeres da vida, pois de qualquer maneira a salvação me está garantida”.
Os arminianos sabem que todo calvinista sincero, e que entendeu o Evangelho de fato e verdade, nunca incentivou às pessoas a desenvolverem tal pensamento. Se é pregada a segurança eterna, também é pregado o novo nascimento e a regeneração do homem. Na verdade o que os defensores da salvação perdível querem é levar ao extremo o que cremos, nós calvinistas, para tornar o que ensinamos como sem nenhuma credibilidade e legitimidade bíblica.
Atentando bem ao pensamento arminiano podemos concluir:
1.Que a nossa salvação deve ser assegurada por nós mesmo;
2.Que só nos esforçamos por sermos santos diante de Deus e resistir ao pecado por medo de ir ao inferno;
3.Que Deus teve uma parte em nossa salvação, mas o restante é conosco;
4.Que Deus nos deixou entregue a própria sorte.
Que a nossa salvação deve ser assegurada por nós mesmo:
“Salvação, tanto no Novo quanto no Antigo Testamento está na ordem da fé e da obediência (...) Obedece a Cristo vai pro Céu, não obedece a Cristo, vai perecer e vai pro inferno” (Pr. Silas Malafaia em uma de suas preleções).
De acordo com o trecho da pregação feita pelo pentecostal Silas Malafaia, a nossa salvação está inteiramente condicionada à nossa obediência ou não a Cristo. Assim sendo, nós somos os responsáveis por nos mantermos ou não dentro da qualidade de salvos. A questão é: Se eu pecar eu perco a minha salvação. Então todos os dias estamos nesse ping-pong, estou salvo, estou perdido. Todos nós pecamos todos os dias, e aliás, até mesmo pecamos sem saber. Daí alguns argumentam: Mas não é qualquer pecado que faz o cristão perder a sua salvação! Gostaria então de saber qual é o pecado que torna possível eu perder a minha salvação para que eu possa me prevenir contra ele, vou cometer somente os que não podem me fazer perder a vida eterna. Isto é absurdo.
A salvação não está condicionada a nossa obediência, se não for assim todos nós estamos perdidos e ninguém irá pro céu. Quem pode dizer que não pecou já hoje? Pensar dessa forma é anular o poder de Deus ou dizer que ele é muito indiferente a nós, pois nos deu uma salvação que a qualquer momento podemos perdê-la irremediavelmente.
A obediência a Deus é uma consequência da salvação, pois o homem em Cristo é feito nova criatura, agora ele recebeu a mente de Cristo, recebeu o Espírito Santo, ele foi regenerado. Não significa que ele não possa pecar, ainda estamos em um corpo corrompido pelo pecado, que se inclina para as coisas do pecado, porém uma vez transformado o cristão não volta mais permanentemente para as suas atitudes de quando ele ainda estava morto em delitos e pecados.
“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1ª Coríntios 6.9-11).
Todo cristão é “ex alguma coisa”. Deus o tirou dos mais terríveis pecados e o regenerou, dizer que ele se “desrregenera” é dizer que a obra que Deus fez não foi eficaz, que Deus falhou. Se uma pessoa que diz que se converteu, depois de um tempo abandona a comunhão dos santos e volta pros mesmos pecados de outrora e morre neles, então tal pessoa evidenciou que nunca foi salva, nunca foi regenerada, nunca teve um encontro com Deus, porque os que foram eleitos e salvos quando pecam se arrependem, se sente constrangidos e confessam seus pecados ao Senhor.
É o próprio Deus quem assegura a nossa salvação, mesmo que por algum instante sejamos infiéis.
“Se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo” (2ª Timóteo 2.13).
O Senhor JESUS nos assegurou salvação eterna quando disse:
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará das minhas mãos” (João 10.27,28).
O texto é bem claro, não há possibilidade da ovelha ser tirada das mãos do pastor, dizer o contrário é chamar JESUS de mentiroso. É justamente o que muitos têm feito por ai. Dizem que o diabo ou pecado podem nos arrebatar das mãos do Nosso Senhor, desta forma então “ninguém” não deveria ter aparecido nesse versículo.
Agora eu questiono sem medo algum a conversão daqueles que acusam a doutrina da segurança eterna de ser falsa e herética. Será mesmo que vocês são salvos? Vocês já se arrependeram de todos os seus pecados hoje?
Outra coisa que quero questionar é a verdadeira devoção desses “cristãos inseguros”. Se vocês dizem que se acreditassem que estão salvos eternamente iriam cair na gandaia, se entregar aos prazeres da vida, porque afinal já estão salvos mesmo, então vocês não amam a Deus de fato! Não o servem por amor e gratidão, mas apenas por medo de ir ao inferno! Vocês não foram mudados e ainda permanecem nos seus delitos e pecados, porque o salvo, aquele que foi feito nova criatura não precisa estar debaixo de ameaças para ser fiel e obediente.
Vou dar um exemplo prático. Um funcionário de um banco que lida com grandes quantias de dinheiro todos os dias é monitorado por uma rede de segurança composta por câmeras em diversos ângulos que monitoram tudo o que ele faz. Ele não se atreve a roubar o banco. Podemos dizer que ele honesto? Se for retirado todo o sistema de monitoração eletrônica e ele permanecer sem roubar, ai sim podemos dizer que ele é honesto. Mas se ele começar a esconder e surrupiar o dinheiro do banco aproveitando-se de que não há ninguém o monitorando, então esse funcionário nunca foi honesto, ele apenas não roubava porque estava sob a ameaça de um instrumento punitivo. O mesmo vale para aqueles que se dizem “cristãos”, mas só não pecam porque têm medo de ir pro inferno e não porque são gratos a Deus e o amam.
Em minha opinião, é muito duvidosa a conversão de pessoas assim.

Pr. Samuel
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