Por que Pentecostal? 2ª Parte


ACERCA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO - Quero continuar essa série de postagem abordando um ponto muito interessante sobre o pentecostalismo, o batismo com o Espírito Santo.
Eu aprendi enquanto pentecostal, que quando uma pessoa se converte e aceita a Jesus ela deve ser ensinada a se batizar. Logo lhe advertem a frequentar uma “aula de batismo”, e quando finalmente o “candidato” está preparado, recebe o batismo em águas. Mas ainda não acabou, falta a etapa mais importante, agora ele precisa buscar com muita sede o batismo do Espírito Santo. Segue-se uma sucessão de “buscas” nos cultos de avivamento. Um dia ele é batizado e a prova disso é que logo se começa a falar em línguas estranhas, pronto temos mais um crente cheio do Espírito!
Durante os tristes anos em que estive na seita Universal (IURD), eu vi algumas vezes o “pastor” entrevistando os candidatos a obreiros da seita. Ele fazia um série de perguntas sobre comportamento, as normas da igreja, o porquê ser obreiro(a) e no final pedia para que falasse em línguas, o sinal evidente do batismo. Inacreditável, nunca consegui falar em línguas, será que não possuo o Espírito Santo? Confesso que durante muito tempo pensei assim, graças a Deus hoje estou completamente convicto que “se alguém não tem o espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8.9).
Esse é apenas mais um dos equívocos que me levaram a escrever essa série de postagens no blog. A Bíblia fala do batismo com o Espírito Santo, mas não ensina a buscá-lo. O batismo é um selo, uma confirmação da conversão do crente e ocorre instantaneamente quando ele recebe a JESUS em sua vida, depois de ter ouvido a pregação do Evangelho e crido nela. “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Efésios 1.13). Sabendo disso eu não posso admitir que exista “crentes” sem o Espírito Santo. Se alguém confessa a JESUS como Senhor, e isso é de fato autêntico e sincero, essa pessoa não poderia ter sido levada a tomar essa decisão a menos que o Espírito de Deus a tivesse convencido a isso. Veja que fato interessante: “Aconteceu que estando Apolo em Corinto, Paulo tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebeste o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe Espírito Santo” (Atos 19.1,2). De acordo com a pergunta de Paulo, quando é que recebemos o Espírito Santo? Em um culto de busca? Não! No momento em que cremos, então se você creu em JESUS, você já recebeu o Espírito Santo.
O pensamento pentecostal alia de maneira feroz o batismo com o recebimento dos dons e esse evento citado acima pode ser usado como exemplo dessa interpretação errada. “Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor JESUS. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam” (Atos 19.5,6). Os mais apressados talvez pensem: veja, essa é a prova, o sinal do batismo são os dons! Antes que os irmãos pensem que descobriram a pólvora vamos pensar um pouco. Se realmente a prova do selo do espírito são os dons, principalmente o de línguas, então, 1) Todas as pessoas que se converteram no livro de Atos devem ter também recebido os dons logo após a conversão; 2) Mas se o crente depois de convertido ainda não recebe o Espírito Santo e precisa buscá-lo, por que esses discípulos receberam sem buscar?; 3) Se Deus escolhe o momento em que quer batizar com o Espírito Santo, por que devo buscá-lo? As respostas dessas objeções são muito claras, 1) Nem todas as pessoas que se converteram receberam dons, esse evento só aconteceu mais três vezes em Atos, primeiro com os judeus no pentecostes (2.4-11); depois com os samaritanos (8.14-17), e com alguns gentios (10.44-46). Não podemos esquecer o carcereiro da Macedônia e de Lídia da cidade de Tiatira. Ambos se converteram pela pregação e creram nela, mas nenhuns dos dois receberam dons, porém foram convertidos ou alguém quer questionar a conversão deles? Lembrem-se que o carcereiro e sua família “manifestava grande alegria, por terem crido em Deus” (18.34) e quanto a Lídia, “o Senhor abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (16.14). Pode alguém ter crido em Deus, ter o coração aberto por ele e não ter recebido o Espírito Santo? 2) O fato dos discípulos terem recebido dons não justifica a crença pentecostal, aquilo foi apenas um evento semelhante ao que ocorreu no dia de pentecostes, foi uma um momento propício, eram doze homens (19.7) que logo se tornara missionários naquela região, a expressão “tanto falavam em línguas como profetizavam” se refere ao evangelismo, pois o falar em línguas permitiu que eles se comunicassem em outros idiomas, ao passo que profetizar os fez falar as grandezas de Deus, como em Atos 10.46. 3) Todos os dons são dados por Deus, e ele escolhe como quer fazer isso “distribuindo com lhe apraz” (1ª Coríntios 12.11). Não existe recomendação dos apóstolos aos crentes para buscarem o batismo com Espírito Santo, Paulo nos leva a reconhecer o valor dos dons e desejá-los (14.1), mas batizados com o Espírito já estamos (Efésios 1.13). Acerca dos dons falarei na próxima postagem.
 
Pr. Samuel