Amuletos e Sincretismo na Igreja


“Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2ª Coríntios 5.7).

Incrivelmente essas palavras do apóstolo Paulo são negligenciadas pela maioria da cristandade hoje. Aqui o apóstolo nos exorta que a fé está acima de coisas materiais, seja corpo, seja qualquer coisa visível. Sem dúvida o sentido da visão é muito influente na vida humana, mas às vezes ele “cega” os nossos olhos espirituais para enxergar qual é de fato a vontade de Deus.
Toda vez que um cristão se vale de um artifício físico imaginando que através dele irá conseguir alguma aproximação ou benção de Deus, ele vai contra essas palavras do apóstolo, e nega um princípio básico do cristianismo: A fé.
Durante a reforma, Lutero e outros reformadores protestaram contra o abuso do sistema Romano, citamos, por exemplo, as indulgências (espécie de perdão dos pecados em troca de uma quantia em dinheiro). Mas, também, havia outro tipo de excesso, o grande comércio das relíquias sagradas. Como a idolatria é o forte da Igreja Católica, então, muitas lendas, estórias e fantasias eram criadas e repassadas ao povo como sendo verdade. As relíquias eram, segundo eles, objetos sagrados e que teriam poder para servirem como “pontos de contato” entre os cristãos e Deus. As pessoas peregrinavam, exatamente como hoje, para os lugares onde guardavam essas relíquias e para tocá-las e alcançarem “graças”, mas não sem antes depositarem alguma quantia lá. Algumas das relíquias mais famosas eram, recipiente com leite do seio de Maria mãe de Jesus, um espinho da coroa de Cristo, ossos dos apóstolos, fragmentos de vestes de personagens bíblicos e por ai vai. Na verdade tudo era uma grande jogada, pois nenhum desses objetos, por mais que (teoricamente) tenham pertencido a algum integrante das histórias sagradas, isso não lhes confere poder algum, seriam apenas objetos como outro qualquer.
Por acreditarem nessas relíquias as pessoas se distanciavam de Deus, deixavam de colocar a sua fé no criador, para colocá-la em objetos. Alguns argumentam que tais objetos “ajudam” a direcionar a fé, mas pelo contrário, desvia e corrompe.
Vinda a Reforma, vinda a luz, foi anunciado que “SÓ LA FIDIE” (só a fé) e “SOLO CRISTO” (somente Cristo). As relíquias perderam valor e prestígio, e o crente foi ensinado a colocar sua crença unicamente no poder de Deus. 493 anos depois, o protestantismo retrocede violentamente. Ao surgirem os movimentos chamados de “carismáticos”, isto é, que usam os dons (carismas), voltou a se colocar o poder de Deus em objetos. O que nós vemos hoje é um retrato repaginado, modernizado das práticas esdrúxulas do papado medieval. Existem “igrejas” onde você pode adquirir uma rosa ungida para “absolver” as maldiçoes que possam existir em sua casa, ou se preferir você pode pedir ao “pastor” que lhe dê um vidrinho com azeite de Israel para ungir seu comércio a fim de que ele prospere, melhor ainda, receba um pouco do sangue de Jesus (suco de uvas) em celofane e passe nos umbrais da porta da sua casa para que o anjo da morte não passe por ela, também pode-se obter um pouco de enxofre pra colocar nos cantos da casa e assim varrer os encostos que estiverem por lá, leve uma peça de roupa de um ente querido seu que está nas drogas ou no alcoolismo, entregue ao “pastor”, mas um detalhe, as roupas têm que ir dadas sete nós, para que lá o tal “pastor” desate-os. Não, eu estou falando de “igrejas” e não de centros de Umbanda, por mais que pareça, essas práticas estão dentro de “igrejas”.
O que podemos fazer? Precisamos de uma nova Reforma! Precisamos de novos Luteros! A Bíblia não oferece respaldo para nenhuma dessas práticas, ela reivindica pureza e simplicidade em Cristo (2ª Co 11.3).
Ir. Samuel Balbino